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Free Java Chat from Bravenet Free Java Chat from Bravenet

setembro 30, 2003

Vaticano 

E como o dia parece convidar a reflexões misticas, parece-me pertinente comentar umas noticias do dia sobre o debilitar evidente de João Paulo II e os oportunistas eclesiásticos que se apressam na contagem de armas e movimentos de bastidores.
Não bastavam as normas que se pretendem instituir e que claramente irão afastar os fiéis do culto que se pretendia universal, ameaçado que estava por outros cultos "universais", mas também agora, numa atitude de clara arrogância herdada de séculos e temperada pelo Papa nos ultimos anos, se pretende impôr normas de conduta contrárias a uma evolução da fé numa sociedade diferente.
Segundo o Vigário-Geral da Diocese de Leiria-Fátima, "um casamento não é uma cerimónia que diga apenas respeito aos noivos, mas sim da própria Igreja, pelo que deve acontecer em espaço comunitário e não privado". Pretendem com isto acabar com os casamentos em quintas e capelas particulares, oficialmente para distinguir entre a "boda festiva e o sacramento do matrimónio".
Pessoalmente não me afecta em nada, mas trata-se de uma manifesta falta de Bom Senso que se assemelha muito a uma operação politica, daquelas que têm como verdadeiro objectivo a letra que dá titulo à musica "Money makes the world go round".

Pelo caminho... 

Elia Kazan não morreu. Tal como James Dean, Martin Luther King, Fernando Pessoa, Fernando Cameira ou Elvis Presley, apenas seguiu em frente. Mas também tal como eles, milhões de cidadãos anónimos do mundo seguiram em frente tendo nós, os que ainda ficaram para trás, a sorte e a honra de poder usufruir das Obras de que foram autores, por infimas ou desconhecidas que possam ser ou parecer.
A Obra Feita pelos homens e mulheres que seguiram em frente pode ter sido legada de uma forma abstracta, mas marcante, nem que apenas o seja para os que lhes foram próximos.
Não é só plantar árvores, ter filhos ou escrever livros. O amor distribuido e partilhado de todas as formas ficará para sempre nas nossas mentes e corações, até a nossa vez de os reencontrar chegar.

Arca de Noé 

Agora é que é a sério. O tempo mudou e a chuva começou a cair. A Protecção Civil, julgo que utilizando a velha estratégia de "pelo sim pelo não" e evitando queimar-se mais, vai avisando para pormos os barcos à porta, os remos em riste, os coletes salva vidas e as barbatanas.
Se entrarem em pânico deverão, inclusivé, aconselhar-nos a construir abrigos anti-nucleares e a mandar planos de evacuação por e-mail, podendo chegar ao cúmulo de invocar exemplos como o da Arca do Noé.
O Bom Senso manda não facilitar, mas tenho a impressão que vamos passar do oito para o oitocentos.

Citações 

"Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
E hoje, quando me sinto.
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar,
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida..."


Dispersão - Mário de Sá-Carneiro

setembro 29, 2003

Deitando num divã 

Tenho deparado em diversas circunstâncias com alusões a análise, aconselhamento psicológico, divans e pensamentos freudianos. Onde? Nos "Soprano", na entrevista do DNa a Helena Sacadura Cabral a que já fiz referência, no blog da Mary, uma colega por telefone, na televisão, nas depressões de inverno, nas pressões de verão, nas baixas pressões dos casamentos, nas altas pressões da vida. Reli inclusivé quadrinhos do Analista de Bagé para melhor me enquadrar.
A conclusão a que acabo por chegar é sempre a mesma: deitar num divã com hora marcada, pensando acompanhado pensamentos privados, relatando-os a um árbitro que se quer uma mistura de interprete e de mistico imparcial, confundindo sonhos já sonhados com esquecimentos de infância, não é uma moda mas sim uma necessidade.
No fundo uma sessão de análise pode tornar-se um rebuscar no sotão da memória por recordações que nos atormentam sem que saibamos sequer da sua existência. São worms infiltrados no nosso sistema humano e o único anti virus disponivel está dentro de nós próprios, mas onde???
Quantas vezes não seria mais benéfico ver receitadas pelo médico sessões de análise em vez de toneladas de comprimidos de cujas bulas só constam contra indicações?
Quantos "zombies" involuntários não seriam poupados a este estado de alma falando com um profissional que descodificásse sinais evidentes?
É uma questão de Bom Senso orientar a nossa desorientação para terapias destas sem pensar que se tratam apenas de luxos asiáticos de "tias" desocupadas.

Machismos? 

O excerto do livro "Receitas para marinar mulheres", de Manuel Ribeiro (colecção Marginalidades da Editorial Noticias) que escolhi hoje como citação não o foi de forma gratuita. Com isto não quero dizer que o tenha pago ou algém o venha a fazer, (desde que a SPA não comece com ideias...).
Escolhi-o porque tenho verificado que existe um lamento constante, escrito, falado, publicitado e debatido até nas mais banais tertúlias de amigos que envolvam seres de sexos diferentes (reparem que eu não disse "..dos dois sexos"). A light-inidade dos textos e livros de Margarida Rebelo Pinto, a prosa poética de Inês Pedrosa e até os escritos encadernados de Moita Flores, e estes apenas como exemplos nacionais, parecem revelar uma solidão e busca constante do "Cavaleiro Andante" por parte do sexo feminino que choca com a figura emancipada e auto suficiente que a mulher procura assumir ou ostenta publicamente com orgulho.
Tudo parece apontar para a vontade de um regresso às origens, mais exigente e selectivo, mas ainda assim tendo como centro o casal tradicional homem/mulher com a aplicabilidadede todas as nuances que a liberação revelou.
Sendo os homens mais reservados nessa matéria e, aparentemente, capazes de aguentar a solidão de um apartamento de divorciado durante mais tempo, a fragilidade está latente e assumir-se-á sem aviso prévio.
As mutações sociais não são para ser vividas a solo e nem todo o Homem é um eremita voluntário capaz de passar o resto da vida tendo como companhia dezoito caracóis. Há que ter o Bom Senso de assumir isso ou, como alternativa, a tal imagem de felicidade aparente mas de solidão profunda.

Citações 

"Depois de uma aturada pesquisa junto de uma amostra significativa de espécimes femininos, concluí, de forma absoluta e inequivoca, que as mulheres apresentam uma falha genética que as impede em definitivo de poderem reconhecer e identificar "uma gaja boa".
... Para ser "boa" é necessário registar-se uma feliz conjugação de formas e de movimentos que falam por si próprios, dispensando qualquer legenda ou comentário. Uma "gaja boa" não tem de dizer nada (o melhor mesmo é que fique calada) para que a gente perceba logo as ideias que nos está a transmitir."


in Receitas para marinar mulheres - Manuel Ribeiro

setembro 28, 2003

Dinastias III - Doors again 

A entrevista no DNa com a Dra. Helena Sacadura Cabral veio confirmar algo de que eu já desconfiava há vários anos: trata-se de uma Senhora!
Gostei sinceramente da entrevista, quer pela forma quer pela personalidade demonstrada e apresentada como uma "Helena Guerreira" ou uma "Padeira de Aljubarrota" dos tempos modernos e perante a vida.
Helena Sacadura Cabral revela-se com poucas reservas como uma mulher sem convicções conservadoras, uma mãe galinha que liberta os filhos deixando-os voar, embora não fosse preciso irem tão longe, como ela própria confessa.
Muito mais aspectos curiosos, interessantes e reveladores poderiam ser apontados na entrevista, mas, tal como o Bom Senso manda apreciar a entrevistada e recomendar a leitura completa da entrevista, também é de Bom Senso ficar mais descansado quanto à origem do Dr. Paulo Portas: trata-se efectivamente de um ser humano, português, e não de um Lord inglês nem de um marciano infiltrado a explorar fraquezas nacionais e ausências de personalidades do tipo Fox Mulder. Tal como a própria mãe afirma, e tendo como ponto de partida da conversa a meia irmã de Paulo e Miguel, Catarina, a Dra. Helena Sacadura Cabral diz:
" A Catarina nasceu de uma queca. Como os meus filhos." Estão, portanto, confirmadas as origens.

Dinastias II - Os Grimaldi 

Estou extasiado perante o facto de existir um Peres português a imprimir impressões pedonais no palácio Grimaldi sem ser vestido de empregado ou mordomo. Aliás, tenho a certeza de que, mesmo que houvesse um só português mordomo de Rainier, já isso seria noticia.
Adams Peres, equilibrista circense português de méritos confirmados no chapiteau e com diploma passado pela escola soviética, conseguiu abrir caminho para o coração de Stephanie e deslumbrar o mundo sem ter que andar aos pontapés a uma bola. Pese embora o facto de, pelo histórico real, poder ser mais um casamento temporário, Adams Peres já inscreveu o seu nome na dinastia Grimaldi e provocou a inveja do jet set nacional. Fiquei orgulhoso!

Dinastias 

O Dr. Miguel Sousa Tavares foi avô. De facto, a sua filha Rita, casada com o Dr. Ricardo Salgado, director adjunto do Banco Espirito Santo, deu à luz um robusto rapaz. O avô paterno, Dr. Ricardo Salgado, presidente do Grupo Espirito Santo, declara-se muito contente com o feliz acontecimento. Ao rebento foi dado o original nome de Ricardo Salgado mas, para já, ainda não é doutor nem tem cargo atribuido.

Citações 

"Compras mobília. Dizes a ti próprio, este é o último sofá de que vou precisar para o resto da minha vida. Compras o sofá e depois, durante um par de anos, sentes-te satisfeito porque, aconteça o que acontecer de errado, pelo menos, conseguiste resolver a problemática do sofá. Depois é o serviço de pratos certo. Depois a cama perfeita. Os cortinados. A carpete.
Depois ficas encurralado dentro do teu lindo ninho e as coisas que dantes possuías, agora possuem-te a ti".


in Clube de Combate - Chuck Palahniuk

setembro 27, 2003

Falta justificada 

Devido a compromissos inadiáveis assumidos para com os Rolling Stones, não vai ser possivel despachar mais hoje no Ministério, mas, como diria provavelmente o culto ex-comentador desportivo, agora estudioso da vida intima de Pablito Picasso, eu vou mas volto, nem que para isso tenha de pendurar toda a Galeria Disney nas paredes do meu gabinete.

Citações 

"Ainda vou acabar refém na selva, pensei - mas desenganei-me, isso era nas Filipinas.
Vou explodir ao entrar num hotel - mas não, isso era no Cairo.
Vou ser vitima de uma bomba humana, um miúdo de dezassete anos que acredita ir parar a um paraíso com quarenta virgens caso mate alguns infiéis - mas não, isso era em Telavive.
Vou ser esfaqueado por uma criança esfomeada - mas não, isso era no Rio de Janeiro.
Vou ser violado multiplamente - mas não, isso era nas prisões americanas (nomeadamente na de Angola, Luisiana).
Vou levar um tiro de um amigo - mas não, isso era no Monopoly.
Tinha de ter cuidado com o medo. Era verdade que o mundo andava uma coisa perigosa, como dizia um polido - e valente - cronista do reino. Mas eu estava preparado."


in Os Surfistas - Rui Zink

Santos da Casa  

Aquele senhor que falava de forma esquisita num programa de tv que passou há algum tempo (eu show Nico?!?) e que aprecia queijo de Serpa, teve uma ideia "original" para um novo programa na RTP 1. Vai fazer uma sitcom itinerante, como as antigas bibliotecas com rodas da Gulbenkian, sendo, juntamente com a sua nova namorada, protagonista principal da tal coisa que se vai chamar "Santos da Casa".
Ironias à parte, a originalidade está realmente em levar à provincia aquilo que tem sido exclusivo das grandes cidades: espectáculo em palco com artistas conhecidos.
De volta à ironia saudável, não posso deixar de criticar a colagem descarada, mais uma vez, à serie brasileira "Sai debaixo", com interpretes que, pese embora a sua experiência em terra de cegos, vai concerteza deixar que o riso dos directos seja comandado pelos animadores que terão de ostentar inumeras vezes a placa "RIR" para que o publico o faça.
Não há ideias, não há originalidade e, sem querer parecer mal agradecido pela intenção de deixar os provincianos apreciar uma pseudo arte de Talma, também não há vergonha pelas tentativas vâs, provocadas pela falta de vocação, de uma imitação descarada de uma formula testada com êxito.

setembro 26, 2003

Bola de cristal? 

"Há coisas que são conhecidas e coisas que são desconhecidas; entre elas há portas".
Trata-se de uma famosa frase do não menos famoso poeta inglês William Blake (1757-1827). Será que ele já conseguia antever o futuro do nosso país referindo-se ao Portugal de 2003?

A vida não é só tristezas 

Esta vida é uma constante de preocupações, senão vejamos: a Alexandra vai mesmo separar-se do Piet; a Bárbara vai mesmo ter um baby do Manuel Maria; a Maria Elisa vai mesmo para Londres; um helicóptero dos incêndios estava a ser usado para fins turisticos; a moda da contra mão está a ter mais sucesso que os flash mob; os Rolling Stones vão tocar em Coimbra; a Zara não pode abrir mais lojas em Portugal... caramba, se não fossem noticias alegres como a da compra dos dois submarinos alemães para combater a imigração ilegal e o tráfico de droga hoje era um dia triste no reino.

Billy the Gates 

Estamos a assistir de camarote ao triunfo do bem sobre o mal. Depois de ter doado uns milhões de dólares para causas humanitárias de relevo, Bill Gates anuncia o fim dos chats da Microsoft. Há um ditado que diz qualquer coisas como "a idade traz sabedoria", no caso do Sr. Gates e à escala, parece que a sabedoria que lhe tem trazido a idade, passada que foi a fase da genialidade para a do capitalismo, tem como objectivo a compra de umas possiveis acções de uma empresa chamada "Céu".
Apesar de toda a tecnologia disponivel e dos bilhões acumulados o Sr. Gates, por motivos que só ele saberá, deve andar preocupado com a vida depois da morte. Não é novidade. Já assistimos a isto com estrelas do rock,e estou-me a lembrar de Cat Steves e Bob Dylan, e do desporto como Cassius Clay, mas de Silicon Valley ainda não tinha surgido nenhum.
De qualquer forma o mundo, e as crianças de África em particular, agradece a Bill Gates. Os frequentadores de chats, tidos como potenciais pedófilos, é que se calhar não partilham da mesma opinião no que a eles concerne, mas não têm razão porque o Sr. Gates só está a evitar que caiam em tentação.

Citações 

"É mais fácil julgar a inteligência de um homem pelas suas perguntas que pelas suas respostas."

Provérbio Árabe

Como apanhar o Pinóquio 

Uma revista semanária resolveu publicar um artigo sobre o blog português mais visitado, e não me refiro nem ao Abrupto nem ao Pipi, mas sim aquele que assume mentiras e cujo nome não escrevo para não inflaccionar o sitemeter com buscas vãs via Google.
A revista explica até que as autoridades portuguesas não conseguem detectar o autor devido ao facto do servidor que aloja o blog ser norte americano, e sugere que contactando o FBI as nossas autoridades poderiam fácilmente traçar a rota do site desde o servidor USA até ao fornecedor de serviços net português e daí até ao número de telefone do prevaricador, caso este não coloque os posts num cibercafé ou equivalente.
Estou mesmo a imaginar a policia nacional a explicar ao FBI que precisavam da ajuda deles, que nada têm que fazer, para apanhar um mentiroso...

Reduzindo o desemprego 

Já tardavam medidas drásticas para reduzir o desemprego, e foram essas que Bagão Félix anunciou: "alterações em várias linhas de apoio social do Estado, como o subsídio de família, de doença, de desemprego e de reinserção social" (sic).
O Estado descobriu agora, graças à extraordinária capacidade dos gestores da coisa pública, que as medidas de apoio social implementadas para uma economia de sucesso, quando aplicadas a uma decadente e em recessão, tranformam-se num telhado de vidro.
Por ineficácia, o Estado não consegue travar o progredir do desemprego e resolve travar a concessão de subsidios, medida muito mais fácil e eficaz para economizar dinheiro para outros destinos. Esperam-se notáveis resultados desta medida, embora não consiga descobrir quais senão mais miséria social.

setembro 25, 2003

Agradecimentos, ironia e opiniões 

Devido a afazeres que apenas a mim me deram prazer, e muito, não tive hoje ainda oportunidade de passar por aqui mais cedo. Quero, no entanto, manifestar os meus agradecimentos e possiveis desculpas a quem utilizou os "comments" para aquilo que eles servem: o feedback a opiniões que pecam por não poder ou dever ser verdades absolutas mas apenas isso, opiniões. E refiro-me concretamente à Dra. Ana pelo "abuso" que porventura possa ter cometido ao citá-la, e ao Sr. José Carlos Soares pela fineza e cavalheirismo com que comentou o meu post, que não pretendia ser uma critica severa ou humilhante, nem servir-me de opiniões pessoais, neste caso a minha, para iniciar qualquer polémica estéril.
Os único reparos que devo fazer a este ultimo feedback, tem a ver com o facto de eu ter utilizado uma ironia que, de tão fina e desprovida das reticências completas, possa ter sido interpretada como ignorância. Também eu a terei, à ignorância, em doses razoáveis e sobre vários assuntos, mas não com certeza em relação à Guernica.
Não tenho nada a ver rigorosamente com a vida de ninguém, mas tal como às bruxas, que las hay hay, também a personalidade demonstrada nos blogs que assina parece ter muito a ver com o titulo do seu ultimo programa. Mas eu até gosto de ler... (espero ter as reticências correctas agora).

Citações 

"Tenho a minha cabeça cheia de ideias e nenhuma delas fica quieta o tempo suficiente para eu a ver bem."

in http://alvo-novela.blogspot.com/2003_09_01_alvo-novela_archive.html - Ana Alvo

setembro 24, 2003

Ser Ministro 

Tempos houve em que o cavaquismo conseguiu transformar os seus ministros em algo equivalente a estrelas do rock nacional. Vivia-se então um periodo de fat cows da economia nacional e os três Pedros arrasavam (Pedro Lamy, Pedro Abrunhosa e Pedrito de Portugal).
Nesses tempos remotos não havia quem não soubesse, sem recurso a cábulas, o nome e a fisionomia dos ministros. Viviam da fama e recebiam o proveito, muitas das vezes assessorados por génios de marketing brasileiros ou professores de dicção ex-tenores do belo canto. Já tinham policias à porta da sua residência e era frequente passar por uma dessas portas, ornamentadas por um PSP fardado, e ouvir comentários do tipo "o ministro hoje veio cedo para casa".
Hoje em dia continuamos a ter ministros, embora relativamente anónimos pelas fracas prestações e pelo desinteresse da população em ministros que, do alto dos seus cadeirões, se limitam a ler relatórios, percentagens e os recortes de jornal sublinhados a amarelo compilados por outros assessores, também anónimos. São substituidos na "frente de batalha" pública por jovens secretários de estado ambiciosos com horários 6 AM to 4 AM, convictos de que apenas não dormindo e não descurando o corte de cabelo podem aspirar a ter o seu próprio ministério.
Acredito que os ministros sentem eles mesmo isso. Sentem que o seu nome vulgar e a sua presença discreta podem ser ameaçados por uma qualquer anedota, o que lhes impede o exercicio do sentido de humor, e que qualquer ponte mal sustentada de séculos os pode conduzir ao exilio em Bruxelas ou aos Passos Perdidos de um Parlamento repleto de ex colegas. Sentem que apenas a oposição os leva a sério porque, tal como a figura biblica, existem para pedir a sua cabeça numa bandeja, o que os impede de agir, pelo que agradecem os pequenos turcos ambiciosos e disponiveis e a sua própria ignorância.
Por tudo isto temos de ter o Bom Senso de reconhecer que ser ministro não é fácil e deve conduzir a uma existência de um cinzentismo dramático.

Bombásticamente culto 

bombástico
adj.,
diz-se do estilo empolado, altissonante, à maneira do escritor Bombast, por alcunha Paracelso, que viveu no séc. XVI;

estrondoso;

extravagante;

pretensioso.

Tenho seguido de forma mais ou menos sistemática este blog e este .
São ambos feitos por um Senhor, de seu nome José Carlos Soares, personagem extrovertida e bombástica que calcorreou os passeios televisivos da fama tendo cometido a imprudência de entrar por uma rua em construção e sem passeios.
De qualquer forma o Sr. J. C. Soares tem agora tempo para se dedicar a mostrar aos outros a vida fantástica que levou: são amigas em Madrid, noitadas nos bares da Big Apple, quilómetros na route 66 e, pelo caminho, muitas fotografias com personalidades do jet set mundial e apreciações de obras de arte quase desconhecidas, como a Guernica.
Tive a honra de me encontrar com o Sr. J. C. Soares, julgo que por duas vezes, em acontecimentos sociais de pouca importância, e não vi o Sr. J. C. Soares pedir para tirar fotografias ao lado de ninguém, tendo visto, isso sim, pedirem-lhe para ser fotografados ao seu lado. Presumo que o José Tedesco, o Pelé ou o Ronaldo lhe tenham feito o mesmo pedido.
Um pouco de narcisismo não faz mal a ninguém, é certo, além disso julgo que o Sr. J. C. Soares também não é pago para blogar, portanto fará o que lhe apetecer e só lá vai quem quer, mas com tanta publicidade à sua própria pessoa ( 2 - blogs - 2, se excluirmos o Tuga ) e a demonstrar que não é só de futebóis, embora comentar seja aquilo que faz bem, o que fica no ar não sei se é uma promessa ou uma ameaça: "Eu vou mas volto"...

Que droga 

Na passada segunda feira o nosso Presidente Sampaio discursou nas Nações Unidas, numa sessão especial da ONU sobre a SIDA, ou AIDS, dado que o Sr. Presidente discursou em inglês.
Traçando um paralelismo deveras interessante pela sua obliquidade, Jorge Sampaio aproveitou a pertinência da luta contra o terrorismo que afecta os EUA, porque para nós, além do número espectacular de assaltos a bancos que têm ocorrido e que julgo não terem intervenção da Al-Qaeda, não tem tido mais consequências do que alimentar noticiários, o Presidente realçou, e bem, o flagelo da AIDS, esquecendo-se no entanto de referir um problema que começa a estar fora de moda pela sua vulgaridade: a droga.
De facto a luta contra a droga parece já estar relegada para um terceiro plano. Com o projecto de distribuição de seringas nas prisões, onde ela continua a alimentar quem lá está por causa dela, parece ser evidente existir uma resignação por parte das autoridades competentes em relação a esta matéria.
Como o aumento constante da criminalidade "menor" parece ser determinado ainda pelos consumidores de drogas duras, julgo não existir Bom Senso no desprezo aparente a que as autoridades têm relegado a luta antidroga. O facto de poderem ser crimes menores, como furtos a residências, automóveis, roubos por esticão ou equiparados, não pode ser esquecido que alguém trabalhou para pagar o recheio da casa, o automóvel e tudo o que é considerado "menor" pela nossa Justiça.
Eu cá ficava altamente aborrecido, no minimo, se me roubássem o carro com as prestações que ainda falta pagar.

Citações 

"Uma vida em perpétuo movimento, a procura de droga na rua, o temor da pancada e da denúncia, a travessia contínua da cidade, saídas a horas intempestivas, encontros em lugares inesperados, perseguições, enganos, traições, vinganças, novas caras, novas pessoas, novos junkies e passadores, chinesas, chutos, panfletos, rohipnol, pancada, discussões, buprex, ressacas, comprimidos para sair da ressaca, calabouços de cadeias e celas de clinicas, a ameaça constanteda bófia, idas e vindas, nenhum lugar seguro, nenhum dia igual ao outro. A vertigem da aventura, o namorico com a morte. Uma vida dura. Uma vida a cem. O êxtase do herói. Da heroína."

in Amor curiosidade prozac e dúvidas - Lucia Etxebarría

setembro 23, 2003

Shares mas pouco 

Hoje li no Público uma extensa entrevista com o Dr. José Eduardo Moniz, "general" da TVI (parece que tenho algo contra este canal mas não é verdade).
O Dr. Moniz revela o seu contrato com a administração para chegar a 30% de share em cinco anos, fala das opções de programas e filmes e das condicionantes económicas mas, no inicio, revela algo que o jornalista entendeu como "José Eduardo Moniz não gosta da televisão que faz".
A ser assim o Dr. Moniz só pode andar desmotivado ou a correr pela cenoura (leia-se €), o que até não é pecado. Pecado pode ser contribuir contra a sua vontade para apimbalhar a já pimba juventude nacional, aspirante a boys e girls band´s, e em casa só ver CNN e BBC.

Fim de Verão 

Hoje é o primeiro dia de Outono e ontem foi o último de Verão. Segundo uma peça da TVI o Outono arrasta consigo depressões novas, latentes ou adormecidas. A justificação para isso, segundo os especialistas, tem a ver com a redução de horas em que o sol brilha, o regresso às aulas, o fim dos amores de Verão ou apenas a perspectiva de voltar a usar roupa pesada.
As depressões outonais são, de facto, uma manifestação clara de que o ser humano não está morfológica e psicológicamente adaptado às contrariedades de uma vida moderna, pressionante e à qual coloco sérias reservas se deve efectivamente ser chamada de vida. O termo sobrevivência adapta-se muito mais ao que se passa actualmente. As contrariedades fruto da sobrevivência social, pressões de trabalho e stress constante são antinaturais, só assim se explica a vontade que todos temos de ser uns eternos "sempre em férias", vontade que não deve ser omitida de uma maneira envergonhada mas sim assumida como caracteristica humana.
Por mim assumo perfeitamente que, agora que o Verão acabou neste hemisfério, de bom grado o tentava agarrar noutro qualquer, assim me permitisse a economia do ministério familiar.

Citações 

"Guarde nos olhos
a água mais pura da fonte
beba esse horizonte
toque nessas manhãs
Guarde nos olhos
a gota de orvalho chorado
guarde o cheiro do cravo
o jasmim d´hortelã
Guarde o riso
como nunca se fez
corra os campos
pela ultima vez"


in Guarde nos Olhos - Ivan Lins

O milagre de Stª Maria da Feira 

Ouvi dizer que o Big acontecimento de Stª. Maria da Feira em que Spencer Tunick conseguiu pôr 300 descendentes de Viriato, despidos de roupas e preconceitos, em plena rua, tinha sido patrocinado por uma empresa da industria farmacêutica. Não sei se é verdade, mas a não ser foi uma boa oportunidade perdida. Tenho a certeza de que na sequência do evento a procura de preservativos, pilulas do dia seguinte e comprimidos anti gripe deve ter-se feito sentir nas farmácias da região, mas enfim, não é nada que não tivésse acontecido nos festivais do sudoeste e afins.
O que custa viver numa aldeia global.

setembro 22, 2003

Vota CTT  

Eu já esperava que o facto de não ter acesso a informação no fim de semana iria ter reflexos no meu sentido de humor, mas nunca esperei deixar de rir tanto com tanta falta de Bom Senso. Refiro-me, agora em concreto, ao anuncio de encerramento de várias estações dos CTT.
São 200 as que se pretendem encerrar durante este e o próximo ano, mas o número indicado no artigo da Focus é de 700 e, pasme-se, os serviços entretanto prestados pelas estações passam para as Juntas de Freguesia!!!
Vai ser engraçado ver nas próximas autárquicas os candidatos a Presidentes de Junta de Freguesia mais próximos dos eleitores... entregando-lhes o correio ao domicilio.
Por mim já decidi, vou votar no Presidente que oferecer mais qualidade de serviço... postal.

A ponte das borboletas 

Depois de justificações aladas e teorias do caos mal alinhavadas, tenho de dar os parabéns ao Ministro Carmona Rodrigues.
O Ministro, que até tem a presença simpática dos médicos de familia com poucos clientes, conseguiu o que se previa, ou seja, um "extenso tempo de antena" num jornal credivel, tal como quem usa um bom perfume depois de um dia de transpiração: ficou a cheirar melhor mas a suscitar duvidas sobre uma higiene correctamente aplicada.
O Diário de Noticias publicou hoje uma extensa reportagem com o Ministro simpático onde este reconhece que existem em Portugal 160 pontes com problemas de manutenção e 40 em risco. Mas não consegue evitar "borboletices" e considera a queda da ponte do IC 19 um azar. Só não percebi que tipo de azar: azar de ter caido precisamente quando o Sr. Ministro é ministro ou azar de quem "escolheu" o momento da queda para passar debaixo da ponte?

Adopções coloridas 

Ao ler um post da D. Gotinha sobre a adopção fiquei a pensar... efectivamente o processo de adopções em Portugal não percorria os melhores caminhos, e isso é válido seja para crianças brancas, amarelas ou às bolinhas, só que tomar uma criança como filho é uma decisão para a vida, não pode nem deve ser tomada de animo leve. O facto de se pretender adoptar uma criança de raça diferente da dos pais adoptivos, mais que uma mera demonstração social por parte desses pais de que a raça não lhes interessa mas sim o ser humano de per si, pode ter, durante a vida da criança, uma importância que será negativa se não acautelada, e isto sem a minima conotação racista da minha parte.
Ao passear na rua com uma criança negra pela mão haverá perguntas e pensamentos inevitáveis: " será que é o pai que é negro?" - "será a baby-sitter?" - "será uma mãe solteira que passou férias em Moçambique?", e isto é válido também para o pai adoptivo.
Óbviamente, para pessoas esclarecidas esse tipo de observações não fará a minima diferença, antes lhes poderá inflaccionar o ego no sentido de que fez uma coisa diferente mas humanamente válida e da qual nunca se irá arrepender. Mas e a criança durante a sua evolução natural? Como reagirá aos comentários dos outros miudos quando o "branquinho" do pai a for buscar à escola? Como se sentirá quando, aos sete anos, já tiver a certeza de que foi adoptada mas ainda não entender porque são uns brancos e outros negros?
Não duvido nem nunca coloquei em causa o amor que se deve dar a todas as crianças, mas é preciso Bom Senso e ter a certeza de que se está preparado para assumir e lutar continuamente contra as diferenças que o mundo ainda tenta impôr. A criança não é a menos culpada. É o ser completamente inocente!

Citações 

"Camacho reclama estabilidade emocional"

in Sport TV - Jogo FC Porto vs Benfica (comentário interpretativo do reporter sobre os gritos do treinador do Benfica para dentro do campo)

setembro 21, 2003

Tudo vai bem 

São neste momento 22 horas e 06 minutos no continente português e tudo vai bem.
Sempre gostei deste mote, inspirado que fui pelos antigos guarda nocturnos e acendedores de candeeiros publicos que, aliada à sua missão iluminadora de noites tenebrosas e a clamarem pela presença de Jack o Estripador, procuravam serenar as populações com o pregão de "tudo vai bem"... ou não.

Fumar mata 

Comprei o primeiro maço de tabaco destinado a atormentar a minha consciência. "Fumar pode prejudicar o esperma e reduz a fertilidade" e "Fumar mata" são as frases escritas em letras negras garrafais e envolvidas por uma moldura negra a fazer lembrar o obituário dos jornais.
Embora saiba, tal como a maioria das pessoas, que o tabaco faz efectivamente mal, acho de uma hipocrisia ridicula esta campanha. O seu objectivo não é só atormentar a consciência dos fumadores mas aliviar a consciência das tabaqueiras. É mais fácil tomar atitudes como esta do que colidir com os interesses económicos de bastidores. Simplesmente ridiculo!

Calma total 

Aproveitando o facto de ter de viajar, tomei a decisão de não ver nem ouvir nenhuma noticia durante o fim de semana. Não comprei jornais ou revistas nem olhei para a tv, com excepção do dvd do "Senhor dos Anéis - As duas Torres" que já há uns dias estava dentro do leitor esperando o momento oportuno.
Não pude deixar de ouvir, no entanto, comentários sobre a derrota do Sporting, mas já nem isso considero noticia.
Vou guardar todos os momentos perturbadores que os media nos disponibilizam para me aborrecer ou satisfazer na segunda feira. Afinal não consigo salvar o mundo por mais que tente. Não fico bem vestido de Super-Homem e, embora tenha um fraquinho pela farda do Homem Aranha, sei que já há insecticidas eficazes. Não vale a pena arriscar.

Sábado fora de Lisboa 

Depois de um dia de sábado passado entre sardinhas assadas em meios bidons por homens de avental com cara de quem raramente entra na cozinha da sua casa e os pinheiros e eucaliptos consumidos pelas chamas e que parecem esperar apenas a oportunidade que os há-de derrubar definitivamente, restam-me agora as recordações dessas imagens e o cheiro que ficou nas roupas.

Citações 

"A rua à minha esquerda estava bloqueada pelo tráfego, e eu observava as pessoas que pacientemente esperavam dentro dos carros. A maioria eram homens e mulheres, olhavam sempre em frente e não falavam. Era, ao fim e ao cabo, para toda a gente, questão de esperar. Passava-se a a vida à espera - no hospital, pelo médico, pelo canalizador, pela casa de loucos, pela prisão e a morte do próprio pai. Primeiro era o sinal encarnado,depois passava a verde. Os cidadãos do mundo corriam, viam televisão e preocupavam-se com os seus empregos e desempregos - e esperavam."

in Mulheres - Charles Bukowsky


setembro 20, 2003

Citações 

"Na generalidade, a atitude correcta é ser natural, espontâneo e actuar com simplicidade. É ser simpático, pois sê-lo custa o mesmo que não ser e é bastante mais rendível"

in Profissionalmente Correcto - Paula Bobone

setembro 19, 2003

Vou à provincia 

Vou aceder a um convite para ir amanhã a uns festejos tradicionais na Vila de Sardoal. De caminho aproveito para ir ver os efeitos nefastos dos fogos em Mação, relatados pelo ânimo de A. C., beber uns periquitos no "Central" e jantar no Paulo do "Godinho".
O regresso logo se vê.

Porca-rias 

A TVI, via Big Brother, está muito mais soft.
Desta vez só nos "convidam" a gastar € 0.60 para dar um nome a uma porca, e as opções são irresistiveis: como posso ser tão forreta por uma causa tão nobre? Afinal até gosto de Pamela...
Só espero que não descubram que a dita é um macho e façam nova proposta com valor acrescentado.

Idolos  

A propósito de suicidio, ontem vi pela primeira vez o programa "Idolos" na SIC e fiquei com a impressão de que, entre tantos concorrentes e com tantos jovens rejeitados da forma como são pelo jurí, poderia ainda aparecer algum que não lide tão bem com rejeições fortes e faça um casting à "La Kurt Cobain", ou seja, por um desfazer tão brutal de sonhos, por quiméricos que sejam, resolva que a vida e a humilhação via tv já não justifique a sua existência.

Dias estranhos 

Ontem à noite segui uma pista deixada pela Mary no seu blog e, quando cheguei aqui, descubro textos excelentes mas acabei imensamente triste.
Hoje leio na Pegada post´s sobre suicidio.
Olho pela janela e o sol continua a brilhar...
O que se passa connosco?

Citações 

"As pessoas não são felizes mas sofrem de uma doença muito boa, que é a ideia da felicidade. Com quê. Com quem. Quando serei feliz? Porquê? Ninguém pergunta porquê."

in O Amor é Fodido - Miguel Esteves Cardoso

setembro 18, 2003

Windows 

A televisão foi, durante muito tempo, uma janela aberta para o mundo, mesmo quando só tinhamos dois canais.
Com o aparecimento das privadas ficámos com duas janelas mais e a utilização do controle remoto vulgarizou-se. Devido à concorrência entre as quatro janelas aprendemos o significado de zapping.
Os canais por cabo e a internet acabaram de tranformar pequenos apartamentos sombrios, habitados por seres esquecidos ou sorumbáticos, em mansões iluminadas pelas novas janelas abertas para o mundo.
Inevitavelmente, com a nova luz pode também entrar lixo que, igualmente pela novidade e falta de preparação, leva os habitantes, agora ofuscados, a não distinguir luz de lixo sendo o resultado uma mescla de conhecimentos positivos e negativos mal filtrados e, quantas das vezes, com opções de vizualização erradas.
Espero não estar a ficar demasiado moralista, mas custa-me ver e ouvir apologias televisivas como as que a TVI tem feito, em nome do esclarecimento, nos finais dos Jornais Nacionais da Dra. Manéla Moura Guedes.

Desabafo  

Num país de dez milhões de habitantes como o nosso começam a aparecer queixas e promessas de resoluções governamentais sobre a imigração.
Numa altura em que a Expo 98 já foi... em 1998, em que as estradas já estão feitas e os estádios de futebol em acabamento, os imigrantes africanos, sul americanos e de leste deixam de fazer falta e surgem como bodes expiatórios para um desemprego crescente, esquecida que foi a sua prestação para o desenvolvimento de Portugal.
Mais que o Bom Senso, deveria imperar um reconhecimento pelo desenvolvimento de tarefas que os naturais de um país de novo riquismo aparente durante anos não quiseram levar a cabo, preferindo delegar e empregar.
Simultâneamente, um país que tem Instituto Nacional de Estatistica e outros organismos estatais que deveriam estar habilitados para o fazer, entrega um estudo a uma empresa de consultadoria privada para averiguar o nivel de produtividade nacional. Os resultados são aqueles que se esperavam, mesmo sem ter que dispender dinheiro do orçamento de estado para o estudo: produtividade abaixo das médias europeias e sem soluções de curto prazo à vista. Fala-se de 2010 como se fosse amanhã esquecendo os problemas socias gravissimos que rolam como bola de neve.
Mas tudo isto não é novidade para ninguém. Foi só um desabafo depois de ler os jornais.

Citações 

"Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento"


Fernando Pessoa

setembro 17, 2003

Casamentos  

Os casamentos marcam fases da nossa vida conforme ela se vai adiantando nos tempos, e não me refiro aos "nossos" casamentos mas sim aos casamentos para onde somos convidados.
Os primeiros casamentos são aqueles em que, quando miúdos, acompanhamos os nossos pais e ainda são uma festa para nós.
Mais tarde, já mais crescidos e responsaveis, começamos a ser convidados para os casamentos dos nossos amigos. Um acto de reciprocidade que, muitas vezes e pelo número de convites, consegue fazer reflectir se o circulo de conhecimentos é alargado ou não. Nesta altura, e se o "nosso" casamento já tiver ocorrido, arriscamo-nos a dobrar o número de presença em bodas se a nossa cara metade tiver um circulo não concêntrico com o nosso.
Ainda mais tarde chega a altura dos convites para os casamentos dos filhos dos nossos amigos. Aqui o risco ainda é maior porque, teoricamente já instalados na vida, podemos ser eleitos para padrinhos. Stress total.
Neste mesmo periodo existe ainda uma variante: os segundos casamentos dos nossos amigos. São mais discretos, comedidos, menos dispendiosos, mas geralmente piores para o figado se formos adeptos de bebidas alcoolicas.
De qualquer forma os casamentos são uma festa, principalmente para os noivos do periodo "filhos dos nossos amigos", que começaram a ver no casamento a forma mais fácil de sair de casa dos pais, dar entrada para um automóvel novo e passar uma lua de mel na suite nupcial dum qualquer hotel de Cancun com direito a cesto de frutas.
Dizia-me num destes acontecimentos um amigo meu, sem filhos, que todas as prendas de casamento deste periodo deveriam ter uma garantia: se no prazo de dois anos a contar da data do casamento ocorresse divórcio ou separação de facto, os noivos deveriam devolver as prendas. Iria moralizar muito mais o acto.

Sorrir no Ministério 

Sem ter a intenção de tornar isto um hábito, não resisto a transcrever uma anedota "profissional" que apanhei ontem numa conversa de café:

" Um consultor dirige-se ao Algarve, em serviço, ao volante do seu Jeep Cherokee. Com tempo disponivel, evitou a auto-estrada e, numa secundária do Alentejo profundo, depara na berma com um rebanho de ovelhas de considerável dimensão que se amontoavam debaixo dos poucos chaparros.
Parando a viatura e antecipando um refrescar do ego e um possivel jantar gratuito, o consultor dirige-se ao pastor que estava sentado tranquilamente num marco da estrada:
- "Bom dia compadre."
- "Bom dia" - responde o pastor.
- "Compadre, deixe-me fazer-lhe uma proposta. Se eu adivinhar quantas ovelhas tem o seu rebanho vocemecê deixa-me ficar com uma."
O pastor franze o nariz perante a proposta do desconhecido mas, curioso, acede.
O consultor vai ao Jeep buscar o seu PC portátil, tecla daqui, tecla dali e dispara um número: " Vocemecê tem aqui 826 ovelhas!"
O pastor abre a boca de espanto mas, honesto, confirma a quantidade de ovelhas e permite que o consultor escolha um animal que este mete na mala do Cherokee.
Quando o consultor se prepara para se pôr em marcha, o pastor faz-lhe um sinal e, aproximando-se da janela da viatura, faz uma contra proposta:
- "Amigo, se eu adivinhar a sua profissão vocemecê devolve-me a ovelha, aceita?"
Foi a vez do consultor se espantar mas, com fair play e confiança lá anuiu.
-" Amigo" - diz o pastor - "vocemecê é consultor!"
Com o espanto estampado no rosto o consultor ainda balbucia: "mas como...???"
"É fácil" - começa o pastor: "apareceu aqui sem ninguém o chamar, veio dizer-me uma coisa que eu já sabia e, além disso, a ovelha que meteu no carro é o meu cão!"

Citações 

"O chato de nos instalarmos nas recordações, nos tempos passados, nas histórias do "meu tempo", não é, como poderá parecer, o estar mais velho.
É achar mesmo que este outro tempo em que se está a viver e a partir do qual se produzem discursos já não é bem da nossa responsabilidade."


in Comportamentos - Isabel Leal

setembro 16, 2003

Ainda falando de blog´s mas noutra perspectiva 

Tenho viajado por blogs brasileiros e noto uma coisa: muitos estão a anos luz dos portugueses, e refiro-me não só à natureza dos posts como também à estética e qualidade técnica dos mesmos. Um bom exemplo disso é
A Rainha do Boquete, e não me estou a referir a ele por elogio fácil ou publicidade de que não necessita.
Não pretendo com isto elogiar uns em detrimento de outros, as brigas nacionalistas bacoucas não fazem parte dos meus ideais, mas sim conhecer para evoluir e não ficar orgulhosamente só... e burro.

Outros dos blog´s que estão aqui à esquerda, estão lá por diversas razões, mas a mais importante é porque eu gosto. Gosto da EspectacologicaS da Távola Redonda ( embora aprecie mais a Lady Guinevere do que o Lancelot ); gosto da D. Papoila, não só pelos seus ovos estrelados mas também pela sua simplicidade objectiva e apreciação de casamentos ( hei-de me lembrar de post-ar umas coisinhas sobre isso ); gosto da Dra. Ana pela sua novela da vida real mesmo sem ter câmaras ou directos extra, enfim... gosto porque gosto e em certos casos nem preciso saber a razão, basta sentir.
Tudo isto porque me apeteceu escrever sobre isto! Será que o umbiguismo intelectual me contagiou da pior maneira?

Jornalistas e blog´s 

De há uns tempos a esta parte,tempos bastante longos por sinal, tenho vindo a notar um certo frisson aqui, na Blógaria, entre os profissionais das letras e os "outros", ou pelo menos alguns outros.
Ultimamente esse conflito que era latente e apenas se revelava em demonstrações esporádicas, atingiu agora as primeiras páginas dos blogs. Como exemplo posso citar dois: Glória Fácil e o post das 11.40 de 14/09/2003 do Dicionário do Diabo, este sob a forma de um "hate mail", agora também muito na moda, que foi dirigido ao Sr. Pedro Mexia.
Mas as referências ao tema podem ser encontradas em muitos mais blogs de profissionais da escrita se nos dermos ao trabalho de os ler mais atentamente quando os visitamos, o que eu recomendo por imensas e boas razões.
Também não entendo o facto da maioria desses blogs, os tais dos "profissionais", não terem espaço para comentários, o que presumo que seja por falta de hábito de receber feedbacks das suas opiniões de outros que não seus iguais. Penso que seria interessante ver as várias reacções aos posts, expurgados que sejam pelos leitores todos os comentários de maldicência gratuita ou inveja recalcada.
Em resumo, é minha opinião e uma questão de Bom Senso que, pelo menos aqui, deixem os profissionais o seu umbigo em paz e conheçam a opinião dos simples mortais, sejam eles da elite ou do terceiro estado.

Citações 

"As modelos também falam, saem, vão para a cama com alguém. Só que esse alguém não és tu."

Lei de George

setembro 15, 2003

Em Lisboa com outros olhos 

Hoje, pela manhã, resolvi trocar o fato cinzento de ministro pelos jeans e camisa da moda e, escudado ainda pelos óculos escuros, senti-me um turista "cá dentro".
Assumido que estava o papel, pelo menos no que toca a caracterização, iniciei um plano traçado no fim de semana: olhar parte de Lisboa com autênticos olhos de turista.
Fiz uns quilómetros a pé pela Baixa, Castelo, Alfama, Alcântara e terminei no Parque das Nações, sempre tentando olhar para tudo como se fosse a primeira vez.
A conclusão que tirei, além da confirmação de que já não tenho vinte anos e que, como turista, tinha obrigação de ter usado outros sapatos, foi que Lisboa está, de facto, mais bonita, digamos lá o dissermos.

O Pipi ali do lado 

Como a maioria dos "habitantes" da Blogária e frequentadores da web em geral, também eu faço visitas ao Bocage contemporâneo, escriba do blog com mais sucesso cá da terra. É verdade, confesso que também eu contribuo para o engordar do sitemeter do Pipi. Geralmente rio-me, faz-me lembrar os tempos da Gaiola Aberta do Vilhena, mas para melhor e com estilo, outros tempos. O facto de estar envolto em pseudo mistério e, supostamente, ser escrito por alguém com uma actividade literária de cariz bastante diferente, ainda contribui mais para a boa apreciação que faço do mesmo.
Não gostei, no entanto, do ultimo post inspirado no diário de Anne Frank.
Ouvi e li centenas de anedotas que tinham como personagem central Madre Teresa de Calcutá, a Princesa Diana e até a Virgem Maria, ri-me com algumas, com outras nem tanto, mas achei de um mau gosto terrivel e de uma falta de Bom Senso fazer, não uma anedota, mas uma colagem extensa a uma obra que nos merece o maior respeito, mais que não seja pelo tempo de horror e circunstâncias em que foi escrita.
Meu caro Pipi, valha isso o que valer, e o mais certo é ser menos que nada na maioria das opiniões, eu não gostei!

Citações 

"As mulheres bonitas estão destinadas aos homens sem fantasia."

Axioma de Proust

setembro 14, 2003

As relações perigosas da TV Guia 

A PSP e a GNR de todo o país estiveram, nos ultimos dias, particularmente activas e empenhadas numa missão peculiar: retirar dos pontos de venda todas as revistas da ultima edição da TV Guia.
A acção ficou a dever-se a uma ordem de tribunal motivada pelo artigo, que era publicitado em grande destaque na capa, sobre a suposta prática de prostituição por parte da mãe de um concorrente do Big Brother.
Desde os tempos em que um famoso arquitecto lisboeta se quis arvorar em realizador e interprete de uma mistura de filmes XXX com apanhados que não se via uma acção semelhante contra uma publicação periódica.
Já há quem diga que na redacção da TV Guia se vai formar uma nova banda: os Rolling Heads.

Partilhar ideias 

Nunca coloquei na minha caixa de correio um autocolante que decora todas as dos meus vizinhos e que diz "Publicidade AQUI NÃO Obrigado". Isto porque gosto de receber toneladas de folhetos, informações sobre canalizadores e desentupidores, novidades das ultimas pizzas, enfim...
Da mesma forma gosto de receber e-mails, mesmo spams dos mais variados e convites absurdos, não desprezando a leitura de nenhum, o que me leva a gastar uma verba importante da dotação do Ministério em anti virus.
Gosto de contactar e ser contactado, sentir-me motivo do trabalho que alguém teve em descobrir um endereço, uma morada que irá levar a um anónimo como eu.
É também esta a razão de existir deste blog. Poder sentir que alguém lê a expressão de uma ideia, por mais disparatada ou absurda que possa parecer, tem o seu não sei quê de envolvente e cumplice.
Tenho lido em diversos blogs que a moda bloguista irá desaparecer aos poucos, porque é moda, ou por esgotamento de opiniões dos seus autores. Não posso concordar com isso porque sei que, por aqui, sempre haverá pessoas como eu, pessoas que mal ou bem, tentam compartilhar uma abertura anónima de espirito com outros. E agradeço a todos os outros(as) anonimos pelo que me fazem sorrir, pensar ou, muito simplesmente franzir o sobrolho perante uma ideia que eu, sem inveja, gostava de ter tido.

Domingo 

Os domingos são dias engraçados, convidam-nos ao descanso mas, ao mesmo tempo, levam-nos a querer fazer tudo aquilo que foi ficando para depois do trabalho, das filas de trânsito, do tempo obrigatoriamente perdido durante a semana a viver para conseguir algo do que viver .
Se ficamos até tarde docemente a destilar sonhos no conforto da almofada, ficamos com metade do dia para pôr em ordem "aqueles" papéis que se foram acumulando sem razão, aquelas contas para pagar com os prazos ultrapassados, aquele album das fotografias das férias do ano passado.
Se resolvemos que os papeis podem ficar para arrumar numa qualquer noite de semana, acabamos por mentir a nós próprios até ao próximo domingo, tentando aliviar a consciência pesada por não aproveitar o dia de descanso para outra função que não descansar.
Se resolvemos dar "aquele" passeio adiado há meses, ficamos com a sensação que deveriamos ter ficado em casa a descansar. Que afinal foi mais um dia ao volante, nas filas de automóveis cheios de pessoas com passeios também adiados e que, para nosso azar, resolveram todas ir ao mesmo sitio que nós nesse domingo.
Os domingos são dias engraçados... mas para os apreciar realmente vou tentar ignorar todos os outros dias do calendário.

Citações 

"Amar-se a si próprio é o inicio de uma longa história de amor."

Lei de Wilde

setembro 13, 2003

Rolling Stones 

Os Rolling Stones actuam em Coimbra no dia 27 de Setembro.
Ao contrário de outras bandas amarelecidas pelo tempo ou recuperadas para compor a conta bancária de musicos e agentes, os Rolling Stones continuam a arrastar multidões, muito por força do carisma inimitável de Mick Jagger. A designação de dinossaurios do rock assenta-lhes como uma luva, luva essa que Mick e os seus muchachos aproveitam para, em cada duelo musical, desafiar os espectadores que invadem bancadas e relvados. Muitos dos fans de agora são os fans de há 30 anos, tentando agarrar o tempo que lhes foge ou, muito simplesmente, tentando transmitir aos filhos o que os motivava nesses tempos já remotos.
O concerto de Coimbra abre dois precedentes: uma banda ainda grande que vai actuar fora dos circuitos habituais no país, e o despertar do negócio dos bilhetes de candonga com elevados valores, a conceder uma antevisão e treino para os cadongueiros do que vai suceder no Euro 2004.
Nós somos os pagadores de ultima hora e os clientes de ultima hora, teremos de pagar por isso, não com a lingua de palmo de Mick Jagger, mas com os euros poupados a custo e gastos em sonhos revivalistas ou triunfalistas de uma noite.

Não há nada como ver um funeral antes de deitar 

Gostei do artigo de João Lopes, no DN de hoje, com o titulo "Onde está a pornografia?".
Partindo da morte de Leni Riefenstahl enquanto acontecimento recente, João Lopes faz correr a letra sobre o que são imagens "boas" e "más" e quem tem o direito de as seleccionar por nós.
Não vou aqui dissecar um artigo que merece ser lido mas sim, também eu e de uma forma mais simples, utilizá-lo como ponto de partida para umas breves reflexões:
A hipocrisia Big Brotheriana continua a afirmar-se entre nós. Continua a pretender-se seleccionar o bem e o mal televisivo, com uma cinica atitude paternal de quem pretende retirar-nos o comando da tv da mão por nem sequer dele sermos dignos.
Continuamos a digerir as nossas refeições frente a uma televisão que censura o canal 18 a horas tardias, mas mantém à nossa vista, e no intervalo entre dois pedaços de pão, os fragmentos dos corpos de um qualquer atentado em Israel.
Continuamos a não dever ver sexo natural por uma qualquer razão desconhecida e inexplicável, mas os nossos filhos podem assistir a uma exumação de cadáver em directo.
Neste inicio de século continuam, "eles", a reagir a demonstrações publicas de uma função humana natural como se obra do demo se tratasse, em detrimento da constante presença dos resultados dos piores instintos da espécie.
Não vislumbro Bom Senso nesta atitude... mas parece que veio para ficar.


Provérbio 

"É porque os homens não têm o coração justo que foi preciso inventar a balança"

Provérbio chinês

setembro 12, 2003

Alergias parlamentares 

A Dra. Maria Elisa, conhecida jornalista/deputada, pediu suspensão de mandato parlamentar por motivos de saúde e, ao mesmo tempo, retomou funções na RTP.
Ou é estranho a Dra. Maria Elisa estar doente para umas funções e não para outras, ou o Parlamento já causa alergias e doenças profissionais a alguns deputados.

A ex-passagem pedonal no IC19 

Temos mais um problema no país: as nossas pontes e passagens pedonais estão a ficar maduras e a cair.
Claro que não teria mal se não escolhessem cair ou arrastando pessoas inocentes na sua queda ou em cima de quem nunca imaginou levar com uma na cabeça...
Mas a queda das pontes e as anedotas pareciam ser meios de renovar o executivo e os administradores de empresas publicas, estratégia essa que o Dr. Durão Barroso deve querer mudar.
O Primeiro Ministro não pretende que o acidente, sem mortes como faz questão de recordar, se transforme numa questão politica. Faz bem, não é de facto uma questão politica, tal como não o foi a falta de coordenação da Protecção Civil nos incêndios e outras lacunas graves de segurança, mas ficaremos sempre na duvida se os Ministros não se demitem por não serem questões politicas, por não terem responsabilidades enquanto tutela dos organismos deficientes ou por não haver quem os substitua no imediato.

O ABRUPTO ao vivo e a cores  

Há uns dias atrás tentei adivinhar onde iria o Flashback assentar arraiais e vaticinei, pelos vistos erradamente, que iriamos ter o prazer de ver JPP e seus pares apresentar as suas teses na RTP 1.
Ontem vi o Dr. Pacheco Pereira e o Dr. Mário Soares a descodificar as intenções terroristas dos fundamentalistas islâmicos na Sic Noticias, o que me fez ter saudades do programa da TSF.
Li também que este poderia regressar na mesma Sic Noticias e na Antena 1.
Sinceramente gostava do Flashback.
Vou gostar de ver o regresso.

As preocupações do Dr. Jorge 

O Senhor Presidente da Republica, em declarações públicas, mostrou estar preocupado com a forma como os portugueses sentem o seu país: parte Terra do Nunca digna dum Peter Pan alucinado, parte Twilight Zone onde imperam seres com estranhos e intocaveis poderes, parte País das Maravilhas governado por um chapeleiro maluco e onde Alice não quer ficar.
Além de ficar preocupado já é tempo de ele e quem de direito nos fazer sentir estabilidade e integrados numa Europa racional, onde cada um possa ter os seus sonhos em privado e não ter a sensação de que vogamos em mares imprevisiveis e sempre alterados.

Citações 

"Mas, pensou, eu aguento-as com precisão. O que já não tenho é sorte. Quem sabe? Talvez a tenha hoje. Cada dia é um novo dia. É preferivel ter sorte. Mas eu prefiro ser exacto. Assim, quando a sorte vem, está-se pronto para ela".

in O Velho e o Mar - Ernest Hemingway

setembro 11, 2003

Ministério do Bom Senso - Problemas e soluções 

Com esta mania de levar os cargos a sério e as preocupações sociais inerentes a peito, até me esqueci que o Ministério faz hoje um mês de "nascido".
Devido ao tempo decorrido e porque me têm acusado de uma escrita semi-fria, emotiva mas desprovida de verdadeiro espirito cientifico alicerçado em teorias jornalisticas comprovadas onde apresentar soluções deveria fazer parte do problema, sem qualidade literária crescente capaz de rivalizar com os Ministérios vizinhos, resolvi assim identificar o problema e apresentar a solução: o problema é o prazer que me dá escrever assim, de forma automática e sem preoucupações virgulistas ou esdrúxulizantes, e do qual não abdico! A solução é contratar uma assessora que consiga iniciar-me na escrita criativa dos ministérios e corrigir-me a pontuação sem desvirtuar o sentido.
Já foi aberto concurso interno nesse sentido e espera-se melhoras significativas em breve.


"Impossivel apanhar criminosos na Net" in DN 

Tinha de acontecer. Acabei de ler no DN que o Ministério da Justiça já tem um grupo de trabalho a preparar o combate à "criminalidade" net-iana.
Tal como o 11 de Setembro foi o pretexto para duas intervenções armadas e convulsões sociais de vária ordem, agora o "muitomentiroso" serve de pretexto para um Estado tentar, mais uma vez, controlar este meio de comunicação que ele gostaria de utilizar em seu proveito.
Não entendo como é que o blog "muitomentiroso" pode servir para isso, dado que o(s) próprio(s) autor(es) assumem a sua capacidade para inventar mentiras...
Por outro lado é apresentada a difamação na net como um crime hediondo, ao passo que todas as variantes e desviantes acrobacias sexuais, manuais de terrorismo e afins pululam por aqui, e ainda bem em nome da liberdade, sem restrições que não sejam actos voluntários dos utilizadores.
Permito-me lembrar que foi necessária a investigação via net efectuada por uma jornalista da TVI para descobrir fotos do miudo desaparecido há cerca de 5 anos.
Não faz sentido e é falta de Bom Senso mobilizar um Ministério (refiro-me ao da Justiça e não a este), a PJ e a Comissão Nacional da Protecção de Dados, entre outras entidades oficiais, para descobrir mentirosos assumidos na internet.

11 Setembro 2001 - Breves recordações 

Andou muito em voga uma pergunta que era mais ou menos assim: onde estava no dia 25 Abril de 1974?
Como tenho uma memória razoavel lembro-me perfeitamente onde estava nesse dia e em todos os outros que, de alguma forma, me marcaram. Além disso também me lembro do que pensei na altura dos acontecimentos que deram origem a essa marca.

Da mesma forma me recordo onde estava no dia 11 de Setembro de 2001: estava sentado na sala de espera do meu dentista, olhando para a tv e, tal como o reporter, tentando entender o que supostamente seria um acidente quando o segundo avião chocou com a torre. O dentista poderia ter aproveitado com facilidade a minha boca aberta pelo espanto e incredulidade, mas estava demasiado ocupado em abrir igualmente a dele.

Lembro-me também que, após o choque inicial e aproveitando os minutos de silêncio que se seguiram, pensei em quantas pessoas teriam perecido, lembrei-me do filme "A Torre do Inferno" e, na minha mente, começaram a despontar as consequências.

Vi todos os directos, revi todos os diferidos e tracei mentalmente um leve paralelismo com Iroshima.
Pensei em quantas pessoas com problemas se iriam servir daquele pavor para recomeçarem as suas vidas noutros lugares e com outras identidades, alegadamente vitimas do massacre.

Pensei no aproveitamento do caos para desculpabilizar futuras guerras. Pensei no caos económico aproveitado para desculpabilizar perdas de postos de trabalho.

Senti a dor dos que perderam alguém, acompanhei as vigilias e memoriais. Senti as minhas lágrimas correrem ao mesmo tempo que as dos filhos e dos pais de alguém que não sobreviveu.

Hoje continuo com a recordação do terror, da cobardia do acto e da falta de Bom Senso do empenhamento na reconstrução em nome do dolar.


Citações (esta especial porque hoje faz dois anos) 

"Se os filhos da puta voassem nunca mais se via o sol"

Patxi Andion

setembro 10, 2003

Gostar de quem não gosta de nós 

O titulo não é de minha autoria. Trata-se originalmente do titulo de uma compilação de crónicas da psicóloga Isabel Leal, publicado em 2000 pela editora Areia Branca, mas que vem a propósito.

A fragilidade emocional apoderou-se de nós. O século XXI com as suas aldeias globais, facilidades de comunicação, deslocação e informação apequenou o mundo mas, simultâneamente, alargou-nos os horizontes e as esperanças.
Estes factos não foram acompanhados no fortalecimento dum interior humano já de si frágill mas capaz de ganhar robustez através duma antiga instituição chamada familia.

A competitividade laboral e a competitividade social transportaram para os lares uma intolerância cultivada em nome do individuo. A busca incessante de um "self respect" teve efeitos contrários que, muitas das vezes, culminam numa solidão desolada, recheada de depressões que contrariam o Bom Senso da vontade inicialmente manifestada da afirmação do eu.

O amor próprio tenta inutilmente transformar-se num humor próprio, mal disfarçado e pseudo-orgulhosamente só.
Não é por acaso que a literatura light tem um exito reconhecido entre nóss: todos procuramos alguém que sofra igualmente de mal d´amour e acabamos por nos sentir integrados numa espécie de Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.

A consequência final de que padecem tantos e tantas são os encontros e desencontros, amores mal medidos e da pior forma entendidos, paixões efémeras que resultam em nada, como se só conseguissemos gostar de quem não gosta de nós.

Citações 

"Que sentimento é esse que temos quando vamos de carro e nos afastamos das pessoas e elas vão diminuindo de tamanho na planície até vermos as suas manchas dispersar? É o mundo demasiado grande a pesar-nos, é o adeus. Contudo, curvamo-nos avançando para a próxima louca aventura debaixo do céu."

in "Pela Estrada Fora" - Jack Kerouac

A importância de não me chamar Ernesto 

A escolha do nome de uma criança, futuro adulto, deveria ser objecto de um cuidado especial por parte dos pais.
Todos nós conhecemos Joões Maria e Gonçalos em cada lar onde ninguem os distingue sem que os numerem, Vanessas, Tatianas, Rubens e outros que tais, pobres inocentes que terão de carregar toda a vida com um capricho dos irresponsaveis progenitores, bem intencionados não duvido, mas marcantes na decisão.
Primeiro foram os frutos das uniões emigrantes, que geraram Gerards e Micheles, com a atenuante de terem a desculpa do "français" que pagava em francos. Depois, desde que "Gabriela Cravo e Canela" fez despertar Portugal para uma terra tão diferente mas tão igual como o Brasil, que os paizinhos deste nosso país resolveram castigar os seus mais queridos descendentes com nomes dignos dos melhores animais de estimação, como os Oscares ou os Rodolfos.
A estranha mistura do samba com a perestroika fez, inclusivé, com que pessoas normais respondam agora por nomes como Ivan ou Igor, para não falar dos clássicos religiosos, como os Gaspares ou os Baltazares, com o azar de estes virem a ser tratados por Gaspas e Baltas até ao fim dos seus dias.
Sentem, no entanto, os portugueses, falta dos nomes tradicionais. Manueis, Joões ou Franciscos, com uns esporádicos Luises, ouvem-se agora gritar nos jardins municipais. De imediato um Husky ou um Doberman regressa ao dono atendendo ao chamado.
Ele há modas...

setembro 09, 2003

Os saldos de BMW´s e a Prevenção Rodoviária 

Devido à sensação de deja vu que o B.B. me está a dar, ontem zappei tanto que acabei por parar num sinal stop na... RTP 1.
Num cenário de chapa batida e automóveis que já foram novos para alguém, num qualquer sucateiro de Alverca, calculo, promoveu a RTP 1 um debate sobre a prevenção rodoviária e as mortes na estrada.
Além do moderador José Alberto Carvalho, o painel principal incluia um Secretário de Estado do Ministério de Administração Interna, um professor de saúde pública cheio de conhecimento laboratoriais, um pseudo representante dos condutores seguros que tinha o perfil do meu administrador de condomínio, e um especialista em prevenção rodoviária. No painel secundário, além das vitimas do costume, podiamos ver uma jurista, o representante nacional das escolas de condução e um piloto.

A prevenção rodoviária deve fazer parte do plano de segurança de qualquer país civilizado, não resta a menor dúvida, mas a eterna discussão sobre a consciência civica portuguesa foi deixada para segundo plano em detrimento de promessas politicas, alarvices mal preparadas, estudos cientifico-comparativos tendentes a percentualizar tudo e todos, e relatos realmente dramáticos de quem já sofreu com as alarvices defendidas pelo "alarve de serviço" em representação das escolas de condução, que no final do programa deveria ter saido pé ante pé, envergonhado do seu desempenho televisivo.

Existem diversos factores a contemplar e que foram relegados para a twilight zone e, sem querer parecer outro blog a colocar questões, pergunto:
porque não existe uma fiscalização efectiva na estrada com maior e mais gravosa sinistralidade (A1)? A resposta tem a ver com a parte comercial, ou seja, como pode a Brisa acordar com as autoridades uma fiscalização que penalize os próprios clientes?
A educação civica e tomada de consciência por parte dos portugueses de que o automóvel não deverá ser um sinal de status mas sim um meio de transporte, deverá ser feita com Bom Senso e com método nas escolas, sendo que os pais têm a obrigação, também aí, de intervir continuamente.
As escolas de condução deveriam ser fiscalizadas imparcialmente e não permitir aos alunos más formações pré adquiridas ilegalmente.
Concordo plenamente com o regresso do velhinho sinal autocolante de 90, em amarelo bem visivel, o célebre "ovo estrelado", e que marcou umas gerações pela positiva, dado que inibia a quem o ostentava de se tentar mostrar como um Fangio, desmascarado que era pelo "ovo".

O assunto é sério e a ligeireza com que foi tratado reduziu-o a mais uma manobra política tendenciosa.

Citações 

"VENDO bichos da seda baratos.
Motivo: a minha mãe diz que já tenho muitos."

in Ocasião (jornal)

setembro 08, 2003

As profecias do Bandarra 

Aproveitou a TVI para aplicar a expressão "para memória futura" a reportagens diárias do jornalista Vitor ( ou Victor, depende dos dias ) Bandarra.
O Sr. Bandarra percorre ou percorreu o país e, com aquele tom de voz que nos recorda o programa de triste memória baseado no detector de mentiras, conta estórias que fazem, realmente, arder o coração, porque são relatos de pessoas que perderam familiares, amigos e bens nos recentes incêndios que devastaram o país.
Até aqui tudo bem e, apesar do aproveitamento comercial, temos sempre que nos lembrar que se trata de uma estação televisiva comercial e o tema é concreto, doloroso e actual.
O problema surge quando o Sr. Bandarra insiste em colocar como mais uma consequência dos incêndios a desertificação que "afecta" todo o interior de Portugal, e coloco reservas no "afecta" porque não é uma observação de Bom Senso pretender ou insinuar que a desertificação e as suas razões sejam um mal.
A desertificação do interior e a migração para as cidades é a consequência lógica e evolutiva da mobilidade social promovida, com maior ou menor incidência, por todos os governos pós 25 de Abril e que depois não souberam ou não quiseram constituir atractivos para o regresso dos jovens à provincia. Esta minha observação é confirmada pelo número de reformados que, depois de terem constituido o seu pé de meia enquanto no activo onde era possivel, ou seja na capital, regressarem às suas terras natais.
Tenho a certeza que o Sr. Vitor Bandarra, depois de na peça de hoje lamentar o facto do interior deixar de ter jovens a plantar oliveiras e que os terrenos sejam ocupados por reservas para os "senhores" caçarem, não trocaria a sua carreira como jornalista para ir semear batatas para Trancoso, terra do seu saudoso homónimo sapateiro.
Tal ironia sobre "os senhores" colide directamente até com a profissão do Sr. Bandarra, que tem um "senhor" como patrão.
Deixemos as pessoas evoluir e não queiramos fazer como o Sr. Bandarra que não consegue esconder a arte do desenrascanço português quando pensa, ao que tudo indica: "Eu já me desenrasquei, os outros que me ponham as couves na mesa".



Citações 

"Bom, estou quase a ficar doente
De tanto ver a TV
Vi todos os noticiários
Até os olhos se me consumirem
Quero dizer que todos os dias
É sempre a mesma porcaria
E quando mudará isto, meus amigos,
Ninguém faz ideia

Por isso estou aqui a ver e a esperar
E espero pelo melhor
Penso até que vou pregar
Sempre que os oiço dizer
Que não há modo de parar
A desordem sempr´a aparecer"


in Trouble every day - Frank Zappa

setembro 07, 2003

O Big Brother da bolinha vermelha  

Eu, como voyeur assumido cuja necessidade foi despertada pela net e pela televisão (já não há espaço nas dunas da Costa da Caparica para usar os binóculos e ver os atributos físicos das veraneantes), gosto de espreitar a TVI nas "Big Brother Jam Sessions".
Já aqui tinha tentado fazer futurologia e previ um mau Big Brother em termos de audiências. Reconheço agora que não posso competir com as Mayas nem com os Paulos Cardosos deste país. Não contei com a vísivel capacidade dos seleccionadores de candidatos para descobrir concorrentes com as hormonas em ebulição, e cujo contacto com bebidas alcoólicas ainda lhes põe a líbido dos 18 anos mais aos saltos, como uma bolinha de ping pong jogada por profissionais japoneses.
O resultado está à vista... sessões de avanço recuo meio erótico meio predador, mas com resultados satisfatórios para toda a gente: a TVI vai mantendo o nível de interesse até que o swing entre concorrentes se esgote e sejam alguns substituidos por outros com novas hormonas saltitantes; eles próprios sentem-se de tal forma numa reserva de caça durante 24 horas por dia que até se esquecem das câmaras e gozam que nem uns perdidos; nós, espectadores, vamos fazendo zapping rápido para ver quem está a sentir química por quem em determinada hora e qual a troca de formula da hora seguinte.
Uma coisa é certa: é um Big Brother com ar de "pecado" que está a dar gosto espreitar, nem que seja para comentar pela negativa.

Avarias 

O blogger parece estar a funcionar novamente. O dia de ontem, sábado, foi passado "às escuras".
Tal como a D. Espectacologica também detesto quando a tecnologia me atraiçoa e fico dependente de terceiros, embora isto seja natural devido à falta de chaves de parafusos na minha mala de ferramentas que sirvam para reparar blog´s.
Vou comprar um livro da especialidade mas tem de ter o número de telefone do autor.

Citações 

"Ao princípio não vi nada. Os meus olhos, desabituados da luz, fecharam-se bruscamente. Quando pude reabri-los, fiquei mais estupefacto do que maravilhado.
- O mar! - exclamei
."

in Viagem ao centro da Terra - Júlio Verne

setembro 06, 2003

Penso mas não sei se existo 

Não sei se existo. Isto não é uma observação filosófica nem fisica. Consigo ainda distinguir as cores sem problemas emocionais e quando me belisco doi-me.
Não consigo é aceder ao blog do Ministério do Bom Senso, e é esta a razão da minha dúvida, apesar de, se estiver a escrever para o boneco, ainda conseguir tirar alguma satisfação porque hoje, sim, só hoje, me sinto uma espécie de Ken sem Barbie.

Citações 

"Quem ressona adormece primeiro"

in A Lei de Murphy

setembro 05, 2003

Links 2 

O template "passou-se" de novo e ainda me faltam alguns links.

Jornais e pasquins 

O post sobre etiqueta veio a propósito dum comentário da sara jessica , que eu agradeço, e que tem a ver com o facto de ela, aparentemente, não considerar o 24 Horas um jornal.
Ora bem: vende-se no quiosque dos jornais, está na pilha dos jornais, tem o formato dos jornais, tem noticias como os jornais, enfim... parece-me mesmo um jornal...
O conteudo e a maneira como é apresentado pode não agradar, mas embora eu leia e goste do Expresso, convenhamos que parece menos um jornal do que um amontoado de suplementos que tem de vir num saco de plástico e nem dá para ler sentado, sob pena de julgarmos estar dentro de uma tenda de campismo de papel. Continuo a ler o Expresso deitado no chão.
Por outro lado tenho o hábito de ler tudo o que posso, nem que seja o jornal (escrevi mesmo jornal) do Lidl.
Informação é informação, venha ela da CIA, do Contra Informação, dos slogans murais pós 25 de Abril do MRPP enfim... depois tento usar um pouco de Bom Senso para separar aquilo que considero trigo e o que pode dar joio.

Links 

Parece que o template resolveu tomar juizo.
Agora é que vou tratar dos links.

Etiqueta e boas maneiras 

Li num qualquer blog que há regras de etiqueta bloguistica. A unica que descobri até agora e que não me sinto minimamente com vontade de seguir tem a ver com comentar os "comentários". Se alguém comenta alguma coisa no blog que é meu (espero que ainda não me venham a cobrar por isso) porque razão eu não devo comentar se realmente tiver algo a dizer?
Outra coisa que me tira o sono é o facto de, não sabendo eu a etiqueta bloguistica completa, correr o risco de cometer uma indelicadeza grosseira e ser enxovalhado ou desafiado para um duelo, mas enfim... terei que esperar que a D. Bobone se lembre de escrever mais um manual.

Provérbio 

"A memória está sempre às ordens do coração"

Provérbio Árabe

setembro 04, 2003

Quando propus a mim próprio começar a escrever este blog, era minha intenção comentar as cromices que ia detectando nas tv´s e imprensa nacional. Perdi o Bom Senso porque não reconheci, na ocasião, que os cromos e cromices eram tantos que não faria mais nada senão ficar o dia inteiro aqui a postar, pelo que tenho limitado o número de posts a dois ou três diários e já estou a evitar Casa Pia e futebol.
Mas porque diz respeito a blogues, embora por razões diferentes, não resisto a transcrever em itálico dois excertos do 24 Horas de hoje:

"Ando espantada com um blogue (para os menos conhecedores destas coisas da internet, chama-se blogues a "sites" pessoais feitos ao pior estilo umbiguista por gente mais ou menos conhecida, da politica ao jornalismo)." ... depois vem a referência ao blog "Bola na Área".
in "Quentes & Boas" - Jornal 24 Horas

"Já alguém leu o site www.muitomentiroso.blogspot.com? Investiguem! Trabalhem! em vez de nos atazanarem a vida à porta do E.P.L. ou ao telefone todo o santo dia. A paciência tem limites.Comentários de Raquel Cruz, talvez para justificar a atitude de mandar os jornalistas para o pénis vernáculo perante as câmaras da tv.
in "O diário de Raquel" - Jornal 24 Horas

As razões de uma designação 

Escreve EspectacologicaS no seu blog que prefere a designação "Bloguelândia" à "Blogária" por mim utilizada algumas vezes.
A razão da escolha de uma designação em detrimento de outra nada tem a ver com fashion, manias ou arrogâncias cerebrais da minha parte.
Utilizo a designação "Blogária" quando me refiro ao conjunto de blogs portugueses porque, tal como a Bulgária, fonte inspiradora do termo por mim utilizado, somos poucos, pequenos e quase nada visiveis na global Blogosfera, muito mais vasta, e que está para nós como o Mundo para Portugal.
Além disso, por respeito para connosco e querendo guardar, também respeitosamente, distância do mundo representado pela Disneylândia, não gosto de "Blogolândia", embora reconheça a existência por aqui de muitos Tio Patinhas e Patetas.
Os meios intelectuais utilizam frequentemente a designação "Blogosfera", calculo por gostarem de se imaginar inseridos num contexto global, sendo, quem sabe, os seus blogs lidos de Sidney a Timbuktu. A esperança é a última a morrer mas não me parece provavel.No entanto desta minha incredulidade não comungam muitos desses bloguistas, o que se nota no recurso diário e exaustivo ao site da technorati.com, na ausência de empresas de sondagem bloguistica nacionais.

"Efeitos da vaga de calor" ou "O tal rato que saiu outra vez da montanha" 

Espanha:
-População: 39.996 milhões de habitantes (2000)
-Taxa de mortalidade: 9.03 por cada 1.000 habitantes
-Esperança média de vida: homens 75.32 anos / mulheres 82.49 anos
França:
-População: 59.329 milhões de habitantes (2000)
-Taxa de mortalidade: 9.14 por cada 1.000 habitantes
-Esperança média de vida: homens 74.85 anos / mulheres 82.89 anos
Portugal:
-População: 10.048 milhões de habitantes (2000)
-Taxa de mortalidade: 10.2 por cada mil habitantes
-Esperança média de vida: homens 72.24 anos / mulheres 79.49 anos

O número oficial de mortes devido à vaga de calor em França foi de 11.435.
Em Espanha o executivo confirmou 112 mortes, mas, segundo o jornal Público, várias associações de solidariedade dizem que o verdadeiro número pode ultrapassar o milhar.
Em Portugal o Ministro da Saúde confirmou ontem na Assembleia da República, perante uma oposição pouco opositora, que o número de mortes devido à intensidade do calor foi de 4 (quatro)!!!
Para além disso, diz o Ministro que, embora ainda haja coisas que podem ser melhoradas, não se tornou necessário qualquer campanha de sensibilizição da população porque os média a fizeram por sua própria iniciativa. O que revela bem a faceta "poupada" do Sr. Ministro!

Não sei se hei-de ficar orgulhoso pelo brilhante desempenho do Ministro no que toca à defesa da saúde pública neste caso da vaga de calor, em detrimento das más prestações dos dois países vizinhos, cujos governos, comparativamente, não estiveram à altura do nosso, ou hei-de ficar pasmado com tanta audácia "pinoquiana" e impunidade palaciana.

Citações 

" Dois monólogos não fazem um diálogo"

Lei de De Never

setembro 03, 2003

Emoticom - Porquê utilizar ;) 

Antes de iniciar esta leitura proponho que conheçam o universo de que estou a falar.
Quem frequenta ou já frequentou o IRC decerto sentiu uma afinidade com o seu interlocutor imaginando-o(a) a sorrir, piscar o olho, ficar triste ou qualquer outro tipo de emoção dificil de exprimir por palavras ou por falta de rapidez com o teclado.
Quando deparamos com artigos de opinião na imprensa, ficamos muitas vezes com uma sensação de impessoalidade devido ao facto de não conseguirmos ter a certeza da carga irónica, graçola fácil ou dificil, ou até melancolismo, que o autor pretende transmitir e, ou não consegue e nos oferece imagens escritas erradas, ou a nossa vivência nos leva a interpreta-las de uma forma incorrecta, o vai subverter a intenção.
Imaginem como os emoticons poderiam resolver isso.
Imaginem o Joaquim Letria a rir à gargalhada na sua coluna do 24 Horas ou o Carlos Quevedo a piscar o olho no DNa.
Obviamente as noticias não deveriam utilizar emoticons, dado que unicamente se limitam a relatar factos ( embora algumas delas pudessem ser terminadas com este: :-(().
Certamente haverá sempre quem defenda a pureza da lingua e o património linguistico nacional, mas também houve quem defendesse a utilização de artes que hoje apenas encontramos em feiras de artesanato.
A evolução, neste campo como em outros, é determinada pela facilidade de utilização e compreensão dos simbolos em causa, sem que por isso possam ser vistos como corruptelas da gramática instituida.

O Ministério da Saúde, o Ministro, o calor, as mortes (estas e outras) 

O Sr. Ministro da Saúde vai hoje ao Parlamento, ou melhor, perante a Comissão Parlamentar de piquete devido às férias dos efectivos, tentar explicar o inexplicavel:
O Instituto Ricardo Jorge apresenta uma estimativa de 1.300 mortes devido ao calor, e repito, estimativa, ao passo que o Sr. Ministro declara que não teriam sido tantas mas sem apontar numeros. Talvez só 1.250 e só as familias deram por isso... digo eu.
O governo brinca com estes numeros tal como brincou com a quantidade de hectares de floresta ardida, apresentando valores abaixo dos apurados por toda a gente, mas que não foram contestados quando a Comissão Europeia os aumentou ainda mais e a isso irão corresponder subsidios...
Ontem vi também num serviço televisivo a noticia da morte de um homem de 62 (?) anos que teria ido três vezes seguidas, no mesmo dia, ao Hospital das Caldas da Rainha, acabando por falecer. Referia a filha da vitima que um médico amigo da familia terá comentado que, com a crise geral, o estado tenta poupar em tudo incluindo nos cuidados de saúde.
É isto que me preocupa.
Quanto representa para o ministério competente, em termos de poupança, as pensões e cuidados médicos que deixam de pagar aos falecidos, óbviamente porque faleceram?
Todos sabemos da qualidade dos serviços médicos e do seu custo social, mas não se pode fingir que não existe nada por detrás do que se vê quando toda a população o sente.
Ou se assume, com os inevitáveis custos politicos, ou a falta de confiança está instalada e amanhã posso ser eu ou você a entrar num banco de urgência que já tenha o plafond esgotado e depois... não há depois!
Voltarei a este assunto porque há mais que ausência de Bom Senso.

Citações 

"We have assembled inside this ancient
& insane theatre
To propagate our lust for life
& flee the swarming wisdom
Of the streets"


in Jim Morrison - "An American Prayer"

setembro 02, 2003

Ainda o DNa... 

Quem possa passar os olhos pelo seu monitor e ler estas linhas pode pensar duas coisas: a primeira é que eu não leio mais nada senão o DNa, o que não é verdade e já provei num post de hoje. Também leio os livros do Tintin.
A segunda é que me move alguma nefasta má vontade contra o suplemento do DN. Também não é verdade. Leio-o e releio-o encontrando, na maioria das vezes, prazeres novos em cada leitura, o que, talvez por isso, tenha tirado o DNa da minha secção pessoal de desculpabilização.
Desta vez fiquei estarrecido com a reportagem de Antonieta Preto, chamada pelo seu editor de "prosa bucólica", mas que me parece um exercicio de masoquismo mal contado e elaborado com alguma imaginação zoológica num qualquer sotão de Campo de Ourique.
A autora não se poupou à descrição de portas rangentes e às "comichões" provocadas por uma falta de água voluntária. Não se poupou igualmente a pôr em dia as suas leituras de eleição nem que para isso tivesse sido preciso sacrificar os olhos utilizando a luz da vela. Sete meses de que ela fala como se tivesse estado durante esse tempo numa prisão com condenados a perpétua.
A referência constante à "aldeia", procurando inutilmente que os leitores a identificassem com todas as aldeias de um Portugal do séc. XXI, onde até nem faltou uma Ti Maria, uma qualquer Ti Corcunda misteriosa e uma vizinha Eufémia, observadas como se estivessem atrás das grades de um jardim zoológico provinciano, visitado pela ilustre estudiosa citadina, são de um exagero contabilistico.
As ilustrações lugubres só servem para salientar as provações passadas pela autora e que não seriam maiores se se encontrasse entre os pigmeus africanos.
Esta escrita "bucólica" levará imensos portugueses a quererem ir morar na "aldeia", estou certo disso...
Do meu humilde Ministério recomendo, se a tal me posso atrever, uma leitura do blog de António Colaço, onde se pode vislumbrar um pouco dos verdadeiros prazeres e desprazeres de viver numa aldeia, isto sob um ponto de vista não "bucólico", claro.

Bloguices in DNa 

Já repararam como soa o titulo da rubrica "Bloguices" no DNa?
Acredito que não tivesse sido essa a intenção, mas rima com parvoices, criancices, aldrabices e outras que tais, nenhuma que possa merecer a consideração do leitor menos conhecedor da Blogosfera e aqui da Blogária em particular.
Enfim, e não querendo parecer que ainda padeço do complexo de inferioridade que os 50 cm. dos meus 4 anos me possam ter deixado, soa a opiniões de filhos de um deus menor.
Não me admirava que já tivesse a referida coluna sido consultada por quem a esperava ver assinada por um tal Carlos Castro.

Citações diferentes 

Ali!... Olhe!... A Terra!... A nossa querida e velha Terra, que nos aparece quatro vezes maior que o disco lunar, como o vemos de lá..."

in As Aventuras de Tintin, por Hergé - "Explorando a Lua" - 1954

setembro 01, 2003

Links na Blogária 

De volta ao real world e completamente restabelecido das sequelas resultantes do safari nocturno de sábado à noite, dei a minha volta semi matinal pela "Blogária" e detive-me num post datado de 10/08/2003, intitulado "Os blogs que não fazem links", do DESEJO CASAR.
Neste post declara o autor (Lu), que os blog´s sem links o irritam, isto porque, ainda segundo ele, deveria fazer parte da Constituição da Blogária incentivar a leitura de outros blogs e, que não promove a cultura desta forma, só pode ser um umbiguista convicto e, "... e se considere o único digno de ser lido." (sic).
Eu, adaptando o Bom Senso vigente neste país, "não concordo nem desconcordo".
Apesar do DESEJO CASAR ter sido até à presente data um dos poucos blogs afixados no placard deste Ministério, tal como o EspectacologicaS, não foi aí colocado por um interesse "comercial" de permuta de espaço publicitário, mas sim porque me deu real prazer ler e reler os referidos blogs e visitá-los diáriamente, tal como me têm dado igualmente prazer outros que vou descobrindo mas que, por deficiências de template, não me tem sido possivel colocar em su sitio, ou seja, com links como eu acho que merecem. Como exemplos posso referir de Overdose City , Ovos Estrelados e a
ervilha cor de rosa . Esta foi a parte do " nem desconcordo".
Quanto ao "nem concordo", tem tudo a ver com pseudo lobbies existentes no meio e que se podem aferir pela troca de links entre os habitantes ilustres desta "Blogária": todos estes ilustres gostam que os seus pares leiam as suas opiniões e, no fim, tudo se limita arriscadamente a um degladiar de cultura geral opiniosa capaz de provocar comentários mentais do género " OOhhh como o JPP escreve bem e como são vastos os seus conhecimentos do estado do planeta, mas eu agora vou tramá-lo com a minha retórica e deslumbrá-lo com o meu know how universal". O próprio Abrupto dá azo a isso com posts como o de 31/08/2003, com o titulo
"O estado do Abrupto", onde atira com os numeros, verdadeiramente espantosos mas, seja feita justiça, merecidos, das visitas ao seu blog, mas como irão ficar verdes de qualquer coisa os outros ilustres...
Os bloguistas chamados menores, como já vi referidos em qualquer lado os escribas das ligas distritais, onde eu me incluo, limitam-se muitas das vezes a pretender demonstrar o seu interesse cultural mas colateral na leitura dos blogs da primeira liga, vai daí os links maçadoramente existentes em todos os blogs do campeonato menor e que conduzem ao Abrupto , ao Aviz, à  bomba inteligente e afins, cujo conteúdo e capacidade dos autores não está em discussão nem merece reparos.
Mesmo para os "bloguistas menores", o cuidado em colocar os links para blogs como O Meu Pipi ou o Blogue dos Marretas noutra secção, como que a dizer "cuidado que eu leio os ilustres porque comungo das suas ideias mas só leio os "outros" porque gosto de me rir com os comediantes da blogosfera" é ilustrativo dessa posição.
Para finalizar este assunto, é minha humilde opinião de que blogs como Aviz, Abrupto e demais clássicos, não necessitam de qualquer atalho, porque todas as auto estradas lá vão dar. Quanto aos outros deverão figurar na lista de links porque são de familia, amigos ou adoptados, e quem não protege a familia não é bom benfiquista, ou porque cairam em graça mesmo não fazendo rir.
Vou actualizar hoje a minha lista de links se o template minusculo permitir.

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