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fevereiro 25, 2004

Em busca da areia perdida 

Já não posso mais com o tempo cinzento, nem com a cara do Dr. Durão Barroso, nem com os palhaços do Carnaval, nem com a chuva, nem com o Bibi, nem com o Mourinho, nem com o IRS, nem com as canções da Marisa, nem com as mamas da Marisa Cruz, nem com as piadas ao Castelo-Branco, nem com o preço da gasolina, nem com a Dra. Manela Moura Guedes e, por vezes, até tenho dificuldades em me suportar apesar de ser uma beleza de ser humano. Como tal... não, não me vou suicidar... mas os próximos post´s, a serem feitos, sê-lo-ão directamente do Hotel Paradisus Punta Cana, na Republica Dominicana ou, na pior das hipóteses, dia 10 de Março quando eu regressar.
Fiquem bem e não tenham pena de mim.

fevereiro 23, 2004

Segredos de Hollyblog 

Muita gente se pergunta como consegue o Doc Ginger aqueles efeitos especiais dignos de Hollywood e injustamente não candidatos a Oscares. Eu descobri como e, sem lhe querer tirar o mérito e até com uma pontinha de inveja bem disfarçada, aqui lhe deixo uma mensagem: com uma mobilia de quarto destas também eu.

Não há coincidências 

Rita Ferro Rodrigues dá por terminado o seu blog "No Parapeito" hoje, à hora em que as pessoas costumam almoçar.
A primeira página do 24 Horas tem como motivo central o blog referido, salientando a ternura com que mamãe Rita faz o diário da sua bebé com uma ternura e um amor maternal impar.
Sem me querer fantasiar de adivinho, sou tentado a arriscar que iremos ver nascer não mais uma criança mas sim mais um livro cuja maternidade se deve à Blogária.

Levar a mal porquê se é Carnaval? 

A festa de Carnaval da TVI deu que falar, não só em termos de mascaras mas também pelas rábulas escritas pela empresa do Sr. de Teresa Guilherme made in Las Vegas (esses casamentos com cheiro a baralhos de cartas serão válidos cá?).
Ao insinuar da falsidade dos documentos apresentados por Carlos Cruz em sua defesa, nomeadamente no que diz respeito aos recibos de Via Verde, a TVI colabora com uma ideia que toma cada vez mais consistência nos meios humorísticos: pode brincar-se com tudo… desde que não nos toque a nós.
Por coincidência ou não, num jornal diário, vêm a público as declarações de Herman José no TIC sobre o ex-apresentador: mau carácter e pessoa em quem não se pode confiar.
Uma foi brincadeira e outra não, mas o que é certo é que posições começam a ser tomadas e parece-me que CC nem 11 preciosos segundos vai passar em liberdade, talvez por não ser do Benfica.

Citações 

"O incapaz cobre-se; o rico enfeita-se; o presunçoso disfarça-se; o elegante veste-se."

Honoré de Balzac

fevereiro 22, 2004

Diferenças animalescas 

Há uns dias atrás uma gaivota que voava sobre o Tamisa deixou cair um peixe, que transportava no bico, sobre uma embarcação. Os tripulantes descobriram que se tratava de uma piranha.

O caso foi notícia de primeira página pelo mundo fora. Uma piranha no Tamisa? Para quem vende ao turista o monstro de Loch Ness parece-me um exagero de preocupação.
Enquanto isso, na Indonésia, as crianças tratam bem dos seus animaizinhos de estimação e ninguém se preocupa.
Também é certo que, se fossem miúdos ingleses, a escolha dos animais de estimação incidiria sobre bichos muito mais perigosos devido à sua valentia ancestral e a exemplos Harry Potteranos.

Mascarado de teen 

Hoje fui forçado a ir comprar o jornal de domingo a um local diferente do habitual. Atrás do balcão do quiosque de jardim uma miúda com cerca de 16 anos, isto à vista desarmada, que eu não sou de armar a vista a miúdas tão novas. Sentada mais atrás, deliciando-se com uma revista o mais cor-de-rosa possível, uma mulher, bastante mais velha mas sem ser ainda antiga. Mãe, madrasta ou equivalente, porque claramente se tratava de um negócio familiar.
A minha surpresa começou quando a catraia se vira para mim e me pergunta delicadamente: “diz lá?”
Devo ter demorado uns segundos a digerir a pergunta, tentando-me recordar se estaria ainda a dormir e estava a sonhar ou, influenciado pelos post´s do gato Tobias, não teria sido teletransportado no tempo para cerca de 30 anos atrás e estava perante uma colega de escola. Ao ver a minha imagem reflectida num vidro bem lavado do quiosque não tive dúvidas: era eu mesmo e no ano em curso Estava certo que não tinha indumentária de ministro, mas também não estava de pijama nem com o fato de treino dos juniores do Sporting. Sim, era eu, todo e normal!
- “Diz lá, queres o quê?” – repetiu a miúda para mim, único cliente numa fila de um que, por acaso, começava em mim e em mim acabava.
-“ Dê-me o Correio da Manhã se faz favor”, respondi eu com o intuito de cumprir a missão que me tinha levado aquele local.
- “Epá, oh Ana, onde é que puseste a merda dos Correios da Manhã?” – pergunta a jovem ardina com ar profissional à mulher sentada atrás de si, não sabendo eu se o adjectivo era dirigido à qualidade do jornal ou ao trabalho que daria procurá-lo.
-“Estão nesse monte aí no chão, filha” – apressa-se a apontar a mulher, tirando-me as dúvidas quanto à sua relação para com a despachada.
Paguei, recebi o troco acompanhado de um “toma” humilde qb, e regressei a casa com a impressão de que não é só educação sexual que falta à malta nova.


Citações  

"Sucesso é passar de falhanço em falhanço sem perder o entusiasmo."

Winston Churchil

fevereiro 21, 2004

É Carnaval mas eu não deixo de levar a mal 

carnaval.jpgO Carnaval é uma época fantástica em que toda a gente stressa porque não sabe até à última da hora se vai haver ponte ou não; onde a maioria aproveita para se imaginar na temporada pré-praia mas onde, invariavelmente, chove; em que os homens (alguns) aproveitam para dar largas ao seu lado feminino travestindo-se em nome de um rei momo e apregoando ao mundo que se divertem como caniches longe da gorda dona, e em que o mundo tem os olhos postos na passerelle do samba, tentando vislumbrar um pedaço de carne oscilante onde se perderiam mais do que Cabral em direcção ás Índias.
Por vezes passam por este blog leitores e amigos brasileiros. Várias vezes tenho perguntado a mim próprio se fazem alguma ideia do que o português não viajado imagina do Carnaval brasileiro? Não sabem? Muito bem, eu conto: uma porção de dias de folia com tudo ao molho e que, comparados com as orgias originais inventadas pelos romanos e nunca retratadas nos livros do Astérix (também nunca percebi porquê), reduzem-nas a antigas brincadeiras de recreio para crianças.
Portugal é diferente. Tudo começou com um Carnaval festivo, agora chamado de corso por a maior parte do pessoal das organizações serem uns piratas, na terra da Dra. Manuela Moura Guedes. Anos volvidos, cada freguesia tem um desfile de Carnaval, com acesso pago, obviamente, onde a pobreza das mascaras só é compensada pela pobreza de espírito de certos foliões.
Como o potencial é enorme, passou até a fazer parte do programa da maioria das escolas infantis e infantários um desfile onde os pais dão largas à imaginação e transformam as criancinhas que mal sabem andar em ciganos - para se irem habituando -, em Cinderelas - para provarem algo que nunca irão ser -, e em palhaços - para não estranharem quando crescerem as palhaçadas onde se irão ver envolvidos. Sobretudo em palhacinhos de palmo e meio orgulhosamente filmados e fotografados até à exaustão sem perceberem o que se está a passar.
Com o progresso Carnavalesco evidente, espera-se que em breve se tenha o Bom Senso de alterar a data para o Verão para não fazermos concorrência ao Carnaval brasileiro e evitar que as mulatas dos Olivais, e de outros locais onde o Carnaval se respira por tradição, se constipem.


Problemas, problemas, problemas 

Hoje sinto-me verde - portanto ainda não presto -, demasiado ácido e sem massa critica. Além do mais ando para aqui a balançar entre a esquerda e a direita e não me consigo decidir para onde cair, e não é por falta de espaço.
Se calhar não mereço ter blog nenhum. E esta estóriados casamentos gay nos EUA anda a tirar-me o sono. Que chatice de problema. É só aborrecimentos.

Citações 

"Nunca ninguém foi punido por fazer morrer de riso."

Provérbio árabe

fevereiro 20, 2004

Inconsciência ou não? 


Sem querer "tropecei" na foto destes dois senhores. Quando dei por mim, em vez de estar a olhar para ela e pensar "caramba, o Fidel Castro é um velho teimoso que faz a vida negra aos pobres cubanos e o Lula, mesmo com ministros da Cultura capazes de dar música a todo o mundo, não vai conseguir ter mão no Brasil e ainda não é desta que a Amazónia vai deixar de ser destruída e as favelas vão parar de crescer".
Não!
O que eu pensei foi: "as praias de Varadero têm uma água maravilhosa, a música cubana é excelente, os puros fazem-me suspirar e entre as mulheres cubanas e os mojitos prefiro os dois. Além de que o Carnaval do Brasil está aí com calor, pele à mostra qb e morenas de tirar a respiração".
Estarei a ficar apolítico, inconsciente ou somente a precisar de férias?



Transcrições que valem a pena 

Remodelações governamentais

- Podem sentar-se, meus senhores – determinou o Presidente aos Ministros que, atentos, o esperavam ao longo da mesa magnífica. E sentou-se também no lugar que lhe competia. – Parece-me ser conveniente uma remodelação integral do ministério.
Entre o silêncio respeitoso, o Presidente levou a mão discretamente ao bolso interior do casaco. Tirou o apito e apitou.
Três vezes.
A porta da antiquíssima sala dos Passos Longos abriu-se. De par em par. A guarda presidencial entrou e abateu os ministros com rajada de metralhadora competente. Todos.
- Muito bem – confirmou o Presidente, levantando-se.
O cabo Ludovino encostou a metralhadora à parede, com todo o cuidado. Esfregou o nariz, olhou em volta, sorriu e atirou o Presidente pela janela daquele quarto andar.

in Novos Contos do Gin – Mário-Henrique Leiria

Citações 

"Anos de ciência corroem a ligação com aquela parte de nós que se libertou e se fez sozinha."

in Virada do avesso - Maria João Lopo de Carvalho


Aguardemos porque... 

... a todos os posts com acentos acontece isto: citação do cão espião

fevereiro 19, 2004

Falta de conselhos 

cola.jpg
Qualquer pessoa sabe que o conselho mais sensato dado pelas avozinhas ás netas para prenderem um homem não era através de consultas no Martim Moniz ao Dr. Quizomba mas sim através do estômago, que é como quem diz, manterem o consorte (nalguns casos com azar) com os apetites satisfeitos.
No entanto, aos descendentes do sexo masculino poucos conselhos foram dados no sentido de vir a "prender" a mulher.
Por esta razão muitas foram as formas erradas utilizadas, incluindo a da foto, mas a falta de conselhos talvez tivesse ocorrido por não estar ainda identificada a fórmula eficaz.




Desperdícios 

Um dos pecados dos tempos modernos é o desperdício de meios. Não utilizar e deixar ao abandono meios facilmente utilizáveis por alguém é usual, não só porque os imperativos económicos são muito mas também porque a desatenção das pessoas comuns é enorme.
Não me vou referir ás toneladas de maçãs deitadas fora nem ao leite derramado por exceder as quotas, vou pura e simplesmente voltar a falar de um assunto que já referi há algum tempo: as faixas separadoras de auto-estradas e vias rápidas.
Existem por todo o país longas extensões de terreno que, embora estreitas, se encontram completamente desaproveitadas, quando se sabe da necessidade de pistas de manutenção físicas, corredores para ciclistas ou apenas locais de passeio em todas as localidades e, mais importante ainda, para os habitantes que não habitam nas grandes cidades.
O amor ao desporto automóvel é igualmente comum a muitos portugueses que, tendo ficado sem o Rali tradicional e já habituados à desaparecida Fórmula 1, poderiam usufruir de locais privilegiados para ver passar bólides em saudável competição.
Por último, e desta vez em relação aos habitantes dos grandes centros urbanos, quantos não dariam algo de si para ter um “canteiro” onde pudessem semear as suas couves, batatitas, salsa e outros mimos naturais normalmente adquiridos com uma deficiente qualidade nas grandes superfícies? Seria lindo ver parte dos lisboetas na faixa separadora do IC 19 ou da A1 orgulhosos da sua horta domingueira e sendo simultaneamente saudados pelos guardas da sua propriedade hortícola quando estes passam nos seus lindo carros da Brigada de Trânsito.

Citações 

“Sempre se aprendem coisas boas com os bons amigos."
No original: Hito no furimite, wagafuri naose

Provérbio japonês

fevereiro 18, 2004

Boys & Girls band 

Procurando imitar de forma grosseira as empresas privadas, também o Estado promove a formação de grupos de trabalho por dá cá aquela palha.
Quando as coisas não correm bem, que é como quem diz, sempre, a primeira coisa que há a fazer é manter a calma até que a opinião pública saiba do caso. Depois disso acontecer, nomeia-se um grupo de trabalho composto por uma banda de " boys & girls" e lá vão eles tentar justificar o depósito mensal na conta bem como as ajudas de custo inerentes.
A maior banda nacional, sempre nos top´s, dá pelo nome de Tribunal de Contas e farta-se de descobrir irregularidades passadas depois para os jornais, como que a dizer "estão a ver? nós sabemos!", mas depois, medidas correctivas nada ou, a existirem, são como os paliativos para o doente terminal, ao bom estilo de um Ministério da Saúde que todos conhecemos.
Por vezes chego a sentir pena de não ter aprendido a tocar um qualquer instrumento político para me poder juntar a uma dessas bandas com hit´s garantidos, mas quando oiço musicas do género passo-me e passa-me!

Citações 

"Há três coisas que nunca voltam atrás: a palavra pronunciada, a flecha lançada e a oportunidade perdida."

Autor desconhecido (por mim, pelo menos)




fevereiro 17, 2004

O Euro 2004 e a dignidade 


Depois de assistirmos à construção e inauguração dos importantes monumentos a utilizar como palcos do europeu de futebol, este começa a ser uma realidade na vida dos portugueses.
Devido à crise, o preço dos bilhetes não está ao alcance de toda a gente, por isso o investimento privado e familiar destinado a assistir ao euro com alguma dignidade está a ser dirigido à aquisição, em 210 suaves prestações mensais, de televisores de ecran gigante e consumiveis sem os quais nenhuma pessoa de bem consegue assistir a um jogo de futebol.
Como a procura destes últimos está a exceder as expectativas, o mercado poderá entrar em ruptura a qualquer momento, pelo que há já quem tome as devidas precauções.

Duelos 

Se as minhas fontes não me falham, a história dos duelos remonta ao século XVII e foi mais tarde celebrizada por Alexandre Dumas quando inventou D´Artagnan, Athos, Porthos e Aramis. Na época retratada, a honra era lavada com pompa e circunstância, sangue na ponta da espada, envolvendo padrinhos e médico assistente.
Mais tarde, já durante o século XIX, a conquista do Oeste americano tornou famosas personagens que se batiam de um para um, valendo a vida ao mais rápido a sacar a arma do coldre.
Hoje em dia a tradição perdeu-se, sendo inclusive proibida por lei. No seu lugar o astuto Estado colocou os tribunais com as consequentes contrapartidas económicas e politicas: nos tribunais, ao contrário dos duelos, não se perde um eleitor nem um contribuinte; nos tribunais, mesmo quem ganha acaba por perder a favor do Estado; as armas de caça são mais caras do que as armas de bolso e ninguém tem pachorra para fazer duelos de caçadeira; as ambulâncias são necessárias para inúmeras coisas mais úteis, como prestar assistência nos estádios de futebol, e não poderiam perder tempo à espera de que cada duelo se desenrolasse; é muito mais fácil processar alguém, com calma e com tempo, do que perder tempo com aulas de tiro ou de esgrima; a hora dos duelos é ao romper da aurora e bem basta tê-los no sitio para levantar cedo para trabalhar, quanto mais para levar um tiro.
Por outro lado tornou-se mais fácil – sem perigo físico – chatear os outros e ainda mostrar-se indignado e desonrado com isso. Veja-se o caso de Emídio Rangel: depois do caso de há alguns anos do rebentamento da porta da TSF, da tentativa de agressão a um cronista social que ele e a loira-esquisita-do-país Filipa Garnel protagonizaram, agora travou-se de razões com Paulo Camacho e anda deserto para que lhe lavem a honra a seco, tendo inclusive dito publicamente que queria ser agredido. Masoquismo ou esperança de indemnização?
Mas não vamos ter o prazer de ver ou ouvir dizer que este caso, por exemplo, se resolveu honradamente, pois se um duelo resolveria ou preveniria muitas situações, o desmancha-prazeres do Estado tirou-nos esta benesse honrosa de poder defrontar indivíduos mais fortes física e monetariamente, deixando os pobres ser ofendidos por não terem dinheiro para advogados de renome.

Citações 

"Quem se vinga de uma pequena afronta, poderá esperar uma maior"

Provérbio chinês

fevereiro 16, 2004

New Disney World 

A Disney vai ser vendida devido a dificuldades económicas!
Também não admira, os desenhadores devem andar a beber ou a fumar coisas esquisitas últimamente. Reparem em cada pormenor do desenho que não diminuí de propósito para esse efeito.

La Castro 

Um dos cromos clássicos da caderneta nacional escreve ou escreveu crónicas sociais em vários tablóides, revistóides e tem até um livróide. Chama-se Carlos Castro e, estranhamente, não há comédia em pé que fale ou olhe sequer para tal diva, ocupada que está com o fio dental do Chateaux Blanc ou com receio de eternas represálias como sucedeu a Júlia Pinheiro.
Promove também eventos culturais como a Gala dos Travestis e agencia algumas mulheres bonitas e homens… enfim.
Este senhor eleva-me o ego ao escrever as suas crónicas num tom “digo mas não disse”, sem indicar os visados, deixando-nos a nós, plebe hetero e sem visto para festas sociais, o encanto de nos julgarmos inteligentes ao tentar imaginar de que personagem jet-setiano ou bicha-de-rabear está a falar.
Cada crónica é de um modelo hermético e destinado a um leitor experiente como há muitos, desde que tenham como apelido Bobone, o que não impede que leiamos com prazer os desvarios vindos de Espanha, Lisboa e até do Algarve.
É um caso de popularidade high-underground à portuguesa, um Andy Warhol sem talento para coisa nenhuma mas que se impôs sabe-se lá como e porquê.
Para mais informações espreite aqui.


Crise? Qual crise? 

Em tempos de crise, embora aparentemente não generalizada dado que vejo sempre os mesmos a sorrir para as mesmas câmaras, sejam fotográficas ou de vídeo, e dado que o governo anda muito ocupado em resolver os seus próprios problemas íntimos como arranjar colocação para as Marias Elisas deste país, surgem na imprensa artigos que, pateticamente, ensinam os portugueses a vencer a crise.
Tenho lido conselhos utilíssimos como poupar dinheiro: não efectuar as revisões programadas dos automóveis dado que as apresentadas pelas marcas são em numero excessivo, não tomar banho de imersão e, no duche, demorar o menos tempo possível, fazer listas de compras de supermercado antes de lá entrar, procurar nos folhetos de promoções artigos mais baratos mesmo que estes sejam fracos substitutos, não ir aos supermercados com fome porque senão apetece comprar todas as bolachas que nos aparecem pelo caminho, não perder a calma mesmo que os filhos só comam pastilhas elásticas, enfim, um chorrilho de disparates com que tentam apaziguar os ânimos de um país falido mais virado para eleições europeias e cujos patrões se esqueceram de todos, estando mais interessados no mercado CEE no que no interno, onde os licenciados vendem enciclopédias porta a porta e os outros vendem o que quer que seja e cujo investimento futuro mais rentável a curto prazo parece consistir na compra de uma pistola para fazer visitas a postos de abastecimento de combustíveis.
Não sei como isto vai acabar mas não me parece que tenha final feliz para a maioria.


Citações 

"A esperança é o pão sem manteiga dos desgraçados."

Apparício Torelli - Barão de Itararé

fevereiro 15, 2004

7 Cores 


Uma das faculdades da visão humana a que não damos o devido valor é a de conseguir distinguir um número imenso de cores e tonalidades. Essa capacidade permite-nos apreciar a frescura do peixe, as obras de Paul Gaguin, o colorido do circo e, com um bocado de imaginação, até conseguimos saber quais as zebras brancas com riscas pretas e as pretas com riscas brancas.
A associação de ideias que as cores podem induzir são igualmente muitas: o laranja fará os menos imaginativos pensar em laranjas, os mais politizados pensar no PSD e os tendencialmente mais poéticos sentirão a beleza de um pôr do sol em Zanzibar numa risca cor de laranja de qualquer marcador.
O que é vermelho para uns e encarnado para outros será sempre entendido pela maioria como a cor da paixão sanguínea aliada à das rosas pendentes numa boca semicerrada durante um tango. Novamente os mais politizados ficarão a perder, embrenhados em visões do velho Álvaro Cunhal, e os mais desportistas lembrar-se-ão da cor da sua almofadinha-de-pôr-debaixo-do-rabo-quando-vão-á-bola, utilizada numa das catedrais mais pagãs e sacrificantes deste século.
O azul celeste não tem que enganar. Faz lembrar a Argentina, o céu que nos serve de tecto em dias de boa disposição e a roupa dos bebés do sexo masculino. Só alguém muito depravado poderia pensar noutras coisas.
O verde, além de ser a cor base da natureza, terá sempre o mérito de nos recordar um certo clube de futebol. Para além disso cada vez mais nos assalta com associações ambientais: senhores de barba rala a defenderem o direito à vida das cegonhas e os vidrões, que de verde-verde passaram, com o tempo e a falta de conservação, a verde sujo.
O amarelo faz-nos ouvir o canto dos canários, lembra-nos a férias que já tivemos, desejamos ter ou nunca teremos no Brasil e o restaurante de comida chinesa das Telheiras.
As cores como azul jeans e o violeta são descomprometidas e quase acessórias em termos de recordações: ninguém liga muito ás suas Levis senão quando pretende umas novas originais e tem de desembolsar 75 euros para o efeito; as procissões do Senhor dos Passos, onde predomina o violeta, já não têm importância de outrora e a cor só surte efeito quando nos ilumina nas discotecas, dando azo agora a observações mal disfarçadas das transparências da moda feminina.

Citações 

"A mente é como um pára-quedas. Só funciona quando se abre."

Francis Vicent Zappa


fevereiro 14, 2004

Assuntos procuram-se 


Mais uma vez tenho vindo a assistir à desistência de muitos blogger´s, alguns aqui bem perto. Noto que a razão apontada nestes casos é notoriamente diferente daquela que já tinha lido na anterior vaga de abandonos: falta de assunto e um sentimento de obrigação de escrever.
Confesso que, também eu, escrevo aqui por obrigação muitas das vezes. Sinto-me obrigado a escrever para não ficar com a prosa entalada na garganta, permitindo-lhe assim que saia pelos dedos.
Mas hoje é diferente. Em dia de namorados pareço um dos muitos blogger´s a percorrer sites e bibliotecas à procura de assunto.

Citações 

"Por que o amor, aparentemente tão doce, é tão prepotente e tão brutal quando posto à prova?"

Shakespeare

Última hora 



- Diz o Director-geral de saúde que um aumento proibitivo do preço do tabaco será a forma mais eficaz de combater o consumo.
- O Governo não irá deixar legalizar a cannabis nem para uso médico.
- As áreas de serviço das auto-estradas irão ser proibidas de vender álcool.

Estou tão satisfeito com estas decisões. Vamos enfim ficar apenas com o vício de nos sentirmos infelizes.

fevereiro 13, 2004

Critica televisiva  


Não consigo nem tento sequer programar a minha vida em função de qualquer programa televisivo. Mesmo os telejornais são digeridos à mesma hora do jantar, coincidência que já me fez pensar em alterar a hora desta refeição tantas as voltas ao estômago e digestões ácidas me dão certas noticias.
Ontem à noite, mais uma vez zappeando, descobri uma coisa que nem sabia que existia mas cujo formado já tinha antecipado para a TVI, invejosa das audiências do "Levanta-te e ri": deparei com o "Homem que mordeu o cão em TV", a que assisti durante um bom bocado para ver como a “Sitting Comedy” decorria na esperança de adormecer a sorrir.
Tudo parecia uma emissão de rádio com espectadores, mas textos que funcionam muito bem na rádio deixam algo a desejar em televisão, tanto que aproveitei o intervalo para me recordar de uma anedota qualquer que tivesse ouvido em tempos para confirmar se achava piada e se não era o meu sentido de humor que estava avariado. Não era.
Acho despropositado colocar três pessoas (obviamente não conto a barriga de grávida da D. Maria) com uma assistência numerosa como aquela a não ser que, previamente, tivessem distribuído penas para fazerem cócegas uns aos outros.
Nenhum dos três tem carisma televisivo sem depender de um convidado forte, o que não foi o caso, para conseguir uma reacção de humor normal de uma plateia em directo e o programa revela-se pobre e sem grande futuro que não seja empurrado por teimosia.
Em resumo: desta vez o cão pode estar à vontade porque ali não há homem – ou mulher – que o consiga morder.


O dia de hoje e o de amanhã 

Hoje é sexta-feira, décimo terceiro dia do mês de Fevereiro do ano 2004.
Quis o destino que o famigerado Dia dos Namorados calhasse no dia seguinte aquele em que se evita passar por debaixo de escadas e dá-se um leve pontapé a qualquer gato de cor mais escura que se nos tente atravessar no caminho.
Acontece que, mais uma vez, os centros comerciais deram a volta ao dia de S. Valentim, e conseguiram transformar aquilo que deveria ser o dia em que os namorados oferecem qualquer coisa especial um ao outro, mesmo sem ser embrulhado (o que deixa imensa margem à imaginação), numa jogada de marketing. Por todo o lado se conseguiu eleger como namorados cônjuges com casamentos de 25 anos, o que implica comprar prendas num dia em que nem deviam sair de casa, não por superstição mas sim por prevenção “azarística”.
É minha opinião de que não devemos levar demasiado a sério datas inventadas e deixa-las disponíveis para quem elas efectivamente se destinam.
Já imagino o Sr. Tadeu, que comemora as bodas de prata dentro de 15 dias, a chegar a casa com um ramo de rosas para a sua Clotilde e ela, apaixonadíssima, perguntando-lhe para que quer ela aquelas porcarias de estufa que nem cheiro têm e se o Tadeu pensa que, com aquela prenda, se safa do passeio de Domingo ao Guincho.
Imagino também o Nuno, puto de 17 anos desenvolvidos, a entrar na florista à ultima hora para comprar rosas para a sua Sara – 16 anos criados a hamburguers – já que namoram desde a passagem do ano, e a florista a dizer-lhe que as ultimas rosas que tinha vendeu ao Sr. Tadeu.
Ainda por cima hoje joga o Sporting…

Citações 

"O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter a coragem de ir colhê-la à beira de um precipício."

Sthendal

fevereiro 12, 2004

Breve conto sem estória nem intenção inspirado em Janet Jackson e numas ideias que andam por "aí" sobre post´s esquisitos...  

Naquele dia passeava na praia à beira mar, tal como o fazia em tantos dias de Verão e sem qualquer preocupação a toldar-me o espirito cansado.
Lembro-me de pensar que deveria ter levado chapéu. O calor e o sol, embora deliciosos aqueciam-me a cabeça de uma forma impiedosa.
Foi nesta altura que comecei a ver, diante dos meus olhos, luzes cintilantes que lá não deveriam estar.
Devo ter só desmaiado mas, quando acordei e olhei para cima, julguei que tinha morrido e estava a chegar ao céu.

(visualização só recomendada a maiores de 18 anos)


Errare humanum est 

O provérbio árabe postado hoje, comentado muito pertinentemente como é seu timbre por Doc Ginger, remete-nos para problemas fundamentais da espécie: o orgulho, o receio de errar, o dilema entre errar mas ter gozo com isso e o deprimente espectáculo público de um ser humano que se sente burro por ter metido a pata na poça.
O orgulho, que deveria ter sido acautelado por espíritos imbuídos de tradição católica, leva a que se cometam asneiras repetidamente e se profira aquela célebre frase “nunca me arrependo do que faço”. Mais nos nossos tempos e por influência da política, esta frase costuma ser seguida de “tenho a consciência tranquila”. O que quer dizer que, a nível de orgulho, os árabes estão correctos e a experiência não serve mesmo de nada quando se é orgulhosamente parvo.
O receio de errar provoca-nos uma sensação parecida com a lotaria onde nunca sai nada: chama-se cautela e, quando é demais, conduz à inactividade completa e a frases como “o seguro morreu de velho” e “cautelas e caldos de galinha cada um toma os que quer”. Actualmente com os riscos sociais que espreitam a cada passo só não erra mesmo quem nada faz… nem pensa, o que é um desperdício porque não há nada como uma boa asneira fora do sítio.
Errar e ter gozo com isso também nos conduz a uma frase de catálogo muito em voga entre os adolescentes mas que deve ser uma lição para cada um de nós: “as meninas boas vão para o céu e as más para todo o lado”. E mais não digo mas farto-me de pensar onde podem ser esses lados e quais os meios de transporte, porque estava mesmo necessitado de uma boleia.
Sentir-se humilhado ou incomodado por errar é um erro, passe a possível redundância, porque a auto estima é atingida e a inércia apodera-se do “errador incomodado”, o que nos leva novamente ao receio de errar e nada fazer senão vegetar e, isso sim, é uma burrice digna de um puro asno lusitano, quando o que nos trouxe aqui foi um provérbio puro-sangue árabe.

Girafa que fuma não vai ao Brasil 

Como todos sabem dado o relevo importantíssimo que foi dado ao acontecimento, vital para a segurança mundial e para a imagem que o mundo civilizado de Portugal perante os seus parceiros estratégicos globais, o actor debutante Manuel Melo, mais conhecido pelos seus fans como “Girafa”, cometeu o crime infame de fumar ás escondidas num avião da Varig.
De imediato ou quando lhe deu o cheiro, foi admoestado pelo comandante, detido à chegada e recambiado sob a forma de repatriado para Portugal, tornando-se numa figura indesejável no Brasil durante cinco anos, mesmo que deixe de fumar entretanto.
Os órgãos de comunicação social, como já referi, deram o devido destaque à tragédia que esteve iminente motivada pela falta de civismo sem perdão: o actor terá posto em perigo centenas de vidas através de um Marlboro fumado à socapa e desprestigiou toda uma classe e uma nação. A Endemol já daí lavou as mãos porque não gosta de as ter a cheirar a tabaco.
Ora bem, um facto que me causa estranheza é o porquê dos aviões terem cinzeiros se são feitos de matérias facilmente inflamáveis. Além disso isqueiros deveriam fazer parte dos objectos interditos a bordo bem como qualquer outra fonte de ignição capaz de activar chama viva.
Como nada disso acontece, é de Bom Senso entender que a proibição de fumar a bordo das aeronaves se deve apenas ao trabalho que dava despejar todos aqueles cinzeirinhos minúsculos e os custos em pessoal e tempo que isso acarretava. Mais uma vez o 11 de Setembro como álibi para uma medida economicista que era progressiva (há alguns anos não havia proibição de fumar, depois só era permitido nos voos superiores a 12 horas e agora é perigosíssimo e proibidíssimo) agora tornada radical.
Quanto ao destaque dado ao caso, este só é grande porque, tal como o seu habitante Girafa, o país é pequenino e não parece dar indícios de querer crescer.

Citações 

"A experiência não impede de se cometer um erro; só nos impede de o cometermos com prazer."

Provérbio árabe

fevereiro 11, 2004

Escadas 

stairs.jpg Todos os dias as desço sem certezas,
Todos os dias as subo sem pensar.
As escadas já me fizeram esquecer
Outras pontes para novas margens.
Outros caminhos para outros lugares.
Se olho uma vez não as desço,
Se olho duas vejo a luz,
Se dou um passo mais perto fico
Da falta de desejo de voltar
Com o cansaço, repetido vezes sem conta.
Mas no regresso olho para o alto,
A luz ficou para trás, já se apagou.
A sombra ténue diz que mereço
O fim de um dia igual a tantos,
A imensa vontade de descansar.


Citações 

"Mesmo com o mar calmo o marinheiro amador corre o risco de enjoar."

Jacques-Yves Cousteau

fevereiro 10, 2004

Periquita Titties 


A Super Bowl é o fenómeno desportivo de massas mais significativo dos Estados Unidos. Há mais tolerâncias de ponto para quem nesse dia trabalha do que para português em véspera de Carnaval e os lares transformam-se em pequenos estádios superlotados por quem, por alguma razão, não pode assistir ao evento ao vivo.
Ter uma televisão de ecran gigante nesse dia é sinónimo de ter uma casa cheia e a cerveja torna-se a melhor amiga do Homem enquanto os gigantes do futebol americano se mandam uns contra os outros protegidos pelas suas armaduras.
A expectativa de assistência televisiva ultrapassava este ano, em Houston, os 110 milhões de espectadores e os patrocinadores e anunciantes não quiseram perder a oportunidade de darem nas vistas.
Eis senão quando, numa performance musical durante um intervalo, a mana Jackson resolve, com um golpe Houdinesco de um tal Timberlake, exibir uma jóia mamilar, quem sabe se desenhada por Betty Grafenstein e qual a influência lusa num espectáculo tão viril.
Todo o país tremeu e as bailarinas exóticas de lap dance roeram-se de inveja: Janet Jackson entrou para o Guiness como a dona da mama mais vista em directo do planeta.
Presume-se que pedidos de indemnização gigantescos e acordos de bastidores se irão desenrolar durante os próximos meses e a América nunca mais será a mesma por causa da mama de periquita da irmã do cantor incolor.
Eu fiquei chocadíssimo como é de calcular…
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O efeito "Pipi" na Blogária 

Aproveitando mais uma vez o facto do Blogger estar inoperacional, dei uma volta mais larga aqui pela Blogária para confirmar aquilo que já imaginava: existem mais blogs abandonados do que gaivotas nas Berlengas.
Dois fenómenos distintos contribuíram para isto. Em relação à falta de gaivotas alguém achou que o guano era demais e resolveu, a bem de um ambiente sem excrementos de gaivota, eliminá-las.
Em relação aos blog´s as razões foram outras: ao passo que a moda dos cãezinhos de olhos azuis e que era suposto andarem a puxar trenós custava cerca de 50 contos cada, e mesmo assim encontramos vários abandonados em plena planície alentejana, os blog´s eram e são gratuitos, não ladram quando têm fome nem urinam nos chinelos de quarto nem nos tapetes da casa de banho.
Por outro lado em relação aos blog´s encontramos algumas indecisões do tipo “agora parei mas talvez volte” ou “agora não tenho tempo” (leia-se “vocês são uns desgraçadinhos desocupados, gordos, feios, e eu tenho uma vida a sério cheia de movida social e convites para antestreias do La Féria”).
Pode-se constatar também algumas demonstrações de ressabiamento Pipiano. Este trauma bloguistico nota-se mais nos blogs cujos ex-autores agradecem aos leitores por os terem aturado (e alguns até têm razão dado tratarem-se de armadilhas bloguistico-literárias) e dizem que o tempo útil do blog terminou e vão escrever onde devem realmente, seja lá onde for isso, muito embora a minha desconfiança de que as portas das casas de banho dos centros comerciais irão voltar a sofrer um novo surto de inscrições anónimas e inspiradas.
Estes ex-proprietários de blog´s com vista para o mar, para o rio, para o apartamento da frente da vizinha que dorme nua mesmo no Inverno, sofreram um trauma enorme com a edição em livro dos textos do Pipi: primeiro pensaram “finalmente alguém reparou em nós”; afinaram o conteúdo intrinsecamente complexo e socialmente preocupado da sua escrita, aqui e ali salpicada de "rotices" para dar cor e salero e escreveram, escreveram e escreveram e desesperaram. “Afinal D. Charlotte é uma ingrata que não passa nem cartão nem guardanapo de papel aos meus escritos sublimes e mensagens subliminares”. Note-se que nesta fase já o “nós” passou a “meus”, tentando individualizar o espírito de génio incompreendido e prestes a enfiar-se de novo na lâmpada até à próxima esfregadela da moda.
Em resumo, tenho pena dos pobres blog´s e dos pobres autores, mas tenho mais pena dos cães abandonados da planície alentejana e por esse país fora.

Citações 

"Já imaginaram um mundo sem homens? Não haveria crimes e estaria cheio de mulheres gordas e felizes!"

Nicole Hollander

fevereiro 09, 2004

Eficácia 


Na passada semana foi efectuada uma rusga policial de grande envergadura na zona do Intendente. A acção policial foi levada a cabo devido a suspeitas de prática de prostituição e tráfico de droga, bem como pela suspeição da presença no local de inúmeros imigrantes ilegais oriundos sabe Deus de onde, já que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras nem desconfia.
Da operação resultou a detenção de várias pessoas que, depois de identificadas, foram repostas em liberdade. É de louvar, no entanto, a eficácia policial na captura de um cão da raça Buldogue há muito procurado e que ficou detido em prisão preventiva sob a acusação de lenocínio e proxenetismo na forma tentada e consumada. As autoridades esperam que, na sequência desta prisão, surjam cadelas de várias raças e com pedigrees de renome a apresentar queixa contra o alegado suspeito.


Tribunais e outros que tais 

A Dra. Celeste começou a segunda-feira com novas invenções para os funcionários judiciais: a reforma deverá passar dos 55 para os 65 anos; podem ser deslocados dentro da mesma comarca desde que o tempo de deslocação não passe os 60 minutos (não tenho a certeza se será este tempo mas para o caso não interessa) e os futuros aspirantes ao cargo têm de ir estudar 3 anos para Aveiro.
Tudo isto faz sentido se não perdermos a boa disposição e continuarmos com a sensação que vivemos num país das Maravilhas mesmo sem Alice. Querem ver porquê?
1) A idade da reforma aos 55 anos iria fazer com que os funcionários judiciais passassem o tempo livre nas imediações dos seus antigos postos de trabalho a ver os colegas no activo a coser processos à mão impedindo assim o bom funcionamento dos tribunais. Assim podem eles mesmo, durante mais dez anos, continuar a desenvolver as perícias de ponto cruz na cosedura dos papelinhos que ninguém, a não ser os jornalistas interessados na sua compra, lê. Logo continuam no ramo e o segredo de justiça está muito mais protegido porque, como mais velhos, são mais hábeis a negociar a informação com os média, sempre são mais secretárias onde podem espalhar os milhões de processos e sempre é mais gente para não nos ligar nenhuma quando entramos nos tribunais.
2) A nova ideia de mobilidade pode ser contornada se passarem a andar de bicicleta. Assim sempre demorarão mais tempo a deslocarem-se para os novos postos de trabalho e não correm o risco de ser colocados muito longe.
3) Os 3 anos de estudo dos seus futuros substitutos, além de manter os mesmos ocupados, sempre dará algum tempo, embora não suficiente, reconheço, para fazerem desaparecer todos os documentos atrasados para os quais não tiveram pachorra de olhar durante anos apesar de estarem também muito bem costurados. Podem ainda, finalmente, aprender a trabalhar com os computadores para, quando reformados, poderem ter um blog, ir aos chat´s e por aí fora em vez de passarem o tempo a jogar às copas ou ao solitaire cuja perícia já desenvolveram nas horas de trabalho nos computadores do Ministério da Justiça.
E isto são só algumas das vantagens de que me lembrei em pouco tempo. Muitas mais haverá certamente.


Segunda feira 

E pronto, cá estamos mais uma vez numa segunda feira, num inicio de semana e no inicio de um ciclo que se repete sem que haja nada a fazer.
Não consigo fumar e escrever ao mesmo tempo. Passo a vida a carregar em várias teclas ao mesmo tempo e a corrigir palavras que aparecem com maiusculas nos sitios errados, mas ainda não estou preparado para deixar de fumar, por isso... até já e uma boa segunda feira para vocês.

Citações  

"O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma."

Stanislaw Lec

fevereiro 08, 2004

Freud Braga e eu - The first session live 

Depois de ler todos os post´s de D. Mary sobre o assunto “análise, psicanálise e desabafos de sofá” resolvi eu mesmo tentar alargar os horizontes libertando-me de tudo o que o subconsciente me faz carregar, quase como uma pasta de ficheiros temporários que para nada servem a não ser para atrasar o arranque e normal funcionamento da máquina.
De facto a nossa memória não consciente encarrega-se de acumular ideias, sensações, recordações e outro lixo sem nenhuma utilidade prática e que se limitam a travar o nosso bom desempenho quotidiano por motivos tão fúteis como o chupa-chupa que nos foi recusado com a idade de sete anos.
Resolvi assim mover influências e consultar um psiquiatra supostamente afamado, o Dr. Hilário Miller Braga (passe a publicidade). A escolha do Dr. Hilário não foi por acaso. Além de me ter sido recomendado, achei que uma personagem com um nome tão exótico que conseguia fazer-me lembra fados de Coimbra com sotaque de Oxford e ainda um leve toque a futebol sportinguista tinha todas as características para, à partida, conseguir fazer falar a minha consciência inconsciente e muda até à data.
No dia e hora combinados compareci no consultório. Local agradável o consultório de um psiquiatra analista. Nada de cheiros exóticos de hospital, nada de publicidade a pílulas contraceptivas ou a vacinas contra o tétano. Nem sequer uma serigrafia representativa de Freud em pleno assédio mental a uma qualquer paciente. Paredes vazias, janelas amplas, secretária Bauhaus, um confortável sofá de couro e um sofá que faria a inveja de qualquer senador romano de há 19 séculos atrás.
Feitas a as necessária apresentações e registados possíveis antecedentes familiares de descalabros mentais reclinei-me então no confessionário em forma de sofá onde fui encorajado a falar, e aí surgiu o problema: falar do quê? Do que me tira o sono? Foi o que fiz e em breves palavras tentei explicar ao Dr. Hilário que o que me tirava o sono era, e sempre foi, o despertador e a falta de Bom Senso que representa a noite com a ida para a cama associada. Um dilema de infância, ao fim e ao cabo. Porquê ter de deitar quando não tenho sono e ter que acordar quando estou cheio dele?
Pela primeira consulta/sessão paguei 75 euros para o Dr. Hilário Miller Braga, sapientemente, me aconselhar a telefonar para o serviço de despertar da Portugal Telecom e oferecer o despertador ao meu pior inimigo. Foi barato e aguardo ansiosamente a próxima sessão que de mais fantasmas me irá libertar.


Citações 

"Os anticoncepcionais são usados em cada situação concebível."

Regra de Milligan

fevereiro 07, 2004

Amnésia 



No teu olhar perdido tentei encontrar as palavras que me dizias,
As letras que me escrevias, os pensamentos traduzidos de uma língua
Criada especialmente para nós.
Tentei perceber do que te esqueceras
Tentei fazer o tempo regressar aos momentos dourados
Que escuros se tornaram, sem sabermos quando.

O mundo continua azul visto da lua
O sol brilha quando lhe apetece
O cheiro de terra molhada diz-nos que choveu
Mas os tempos são diferentes

A recordação mantém-se nitida
Mesmo quando o frio persistente não cede ao calor da lembrança
Pensa o que sentes, escreve o que queres,
Já sou só um leitor anónimo sem esperança de ver o meu nome
Escrito por quem uma estranha amnésia tudo apagou.


Citações 

"O amanhã e o hoje têm o mesmo sol e a mesma lua."

Provérbio africano

fevereiro 06, 2004

Estranhas formas de amar III 

Outra das estranhas formas de amar dignas de registo (do meu pelo menos) é a forma como se pode amar a pátria - uma pátria - um bocado de terreno onde nascemos e do qual nos podemos sentir indissociáveis, tal como uma arvore com raiz. Mas ao contrário das árvores os homens não se revoltam só pela perspectiva de perder a raiz. Revoltam-se contra o jardineiro, revoltam-se contra outros homens, cometem crimes justificados por uma errónea consciência de amor pátrio que, na sua mente de difícil leitura, lhes concede álibi para actos hediondos.
Será que um politico europeu é mais patriota que um homem-bomba palestino? Será que o director da CIA é o homem mais patriota dos EUA? Será que na Suiça não há patriotas? Será que em Timor estão felizes na nova pátria? As diferentes perspectivas tornam a decisão muito dificil.
Os defensores do patriotismo deveriam ser, por opção e consequente força das circunstâncias, os politicos, inspiradores de comunhão patriótica de uma comunidade, mas seria interessante saber qual a verdadeira resposta de cada um desses senhores à pergunta do porquê da opção de vida que tomaram. Muitos deles nem se lembrariam da palavra “patriotismo” quanto mais do conceito.

A conspiração dos Mil-Folhas 

Qualquer pastelaria que se preze, além dos simples mas muito apreciados bolos de arroz, tem um sortido muitíssimo variado ao dispor dos clientes.
O mistério começa quando um leigo, não frequentador assiduo de vitrinas doces, um dia resolve olhar para uma e escolher o bolo que o põe a salivar pelo aspecto doce de quem quer ser comido, a fazer lembrar a vizinha do sétimo.
Ao pedido de “dê-me aquele bolo por favor”, o empregado, digno representante da doçaria nacional, consciente de que o seu papillon é capaz de fazer esquecer a camisa que já foi branca quando ele tinha menos 20 anos, resolve pegar noutro qualquer. À correcção levada a cabo pelo cliente de que não é aquele o objecto da sua luxúria gustativa, mais uma vez a tenaz apanhadora de bolos se dirige para um objectivo errado.
“Não, não é esse também. É aquele mais atrás, rectangular e com cobertura de chocolate.”
Perante a óbvia ignorância do cliente, quiçá perguntando a si próprio se este será merecedor de por os seus dentes de analfabeto guloso em tal manjar acabado de sair do veterano forno castanho e pegajoso, o empregado dispara: “ahh, o que o senhor quer é um mil-folhas, já podia ter dito!”
Passou-se comigo este episódio, na sequência do qual irei colocar na Junta de Freguesia um abaixo-assinado com o intuito de exigir placas de identificação em todos os bolos expostos nas pastelarias do bairro. Só assim um Duchaise será um Duchaise, um Palmier um Palmier, e os Mil-Folhas deixarão de ser incógnitos rectângulos perdidos entre os Queques.


Os passarinhos militares 

Ontem apanhei a noticia já a meio num dos Jornais da Noite de uma TV, por isso talvez tenha percebido mal e, se foi isso de facto, as minhas desculpas, mas a verdade é que me pareceu ouvir e ver um general director de qualquer coisa e com o ar doce de um pugilista reformado comentar acerca das praxes do Colégio Militar: " Se do lado de fora dos muros ouvirem chilrear dentro deles não são passarinhos, são os Meninos da Luz a chilrear de contentes".
É o que se pode chamar de um brutamontes poeta.

Citações 

"Se Marte fosse perto do Alentejo pelo menos teriamos a certeza de que há água. A dificuldade era encontrar o Alqueva sem placas de sinalização."

Pensamento Galáctico-Alentejano

fevereiro 05, 2004

Pelo sim pelo não... 


No meio de tanta coisa que escrevi hoje posso ter escrito alguma m£&d@.
Ainda bem que estou prevenido.

Pronto a vestir 

Tenho, como todas as pessoas, a necessidade de por vezes entrar em lojas para fazer compras.
Lojas de cariz definido, quer pelo seu tamanho quer pela sua politica em relação aos clientes, não causam qualquer problema e o prazer que dá percorre-las só é ofuscado pela consciência irritante de que não se pode adquirir tudo o que se vê e gostava de possuir. A Fnac é um exemplo concreto do tipo de estabelecimento comercial capaz de fazer despertar sentimentos capitalistas ao fantasma de Lenine.
Por outro lado, as lojas de roupa, sejam ou não de marca, são um pavor para a maioria da população masculina.
A forma como os homens e as mulheres fazem compras em lojas de roupas e similares é tão diferente como ginger ale e sake. As mulheres mexem, remexem, provam, despem, alheiam-se de tudo o que não seja a estética do vestuário moldada ao corpo, o que lhes provoca efeitos anti stress impressionantes. Mas em relação ainda ás mulheres não me enganarei muito se disser que o êxtase é alcançado em sapatarias e lojas de malas. Os efeitos na mente feminina de uma tarde passada na experimentação de modelitos DKNY ou mesmo da Zara e que culmine com a prova e possível compra "daquelas" botas, parece melhor do que sexo, praia e conversa, nem que seja tudo em simultâneo.
Já para os homens nada se passa assim. Depois de olhar para a mesma montra 30 vezes, ter averiguado o preço do lado de fora mesmo com o risco de apanhar um torcicolo dada a posição da etiqueta, o pavor de entrar, pedir aquele casaco e perguntarem qual o número assusta qualquer um.
Eu sei lá qual é o numero... o ano passado era o 52 mas agora????
A empregada com ar condescendente de quem tem vontade de recomendar um ginásio resolve então tomar a pior atitude do mundo: pegar na fita métrica e medir!!!
Vocês sabem o pavor que um homem tem de ser medido?
Ser medido implica tomar noção dos centímetros a mais onde deveriam ser a menos; dos centímetros que faltam onde deveriam estar; da imaturidade masculina que nos leva sempre a pensar que os outros têm mais centímetros, enfim... aterrador.
Os homens que se arrisquem a entrar numa loja sem saberem exactamente qual o modelo de casaco que querem correm um outro risco: haverá sempre uma menina manequim a perguntar se precisa de ajuda. Mas ajuda para quê? Só preciso de um casaco! Qualquer um serve mas tirem-me daqui!!!
Se porventura um de nós, homens, mais afoito, se atreve a encarar a pergunta sobre a necessidade de ajuda com outro espírito, logo a menina manequim vai informando que o modelo mais na moda é aquele – que por acaso custa um dinheirão – e que é o que o namorado usa! Fim de festa!
O ideal, e trata-se de uma recomendação para homens, é andar sempre com as medidas em dia. Um bloquinho no bolso com a medida da perna, da cintura, do pescoço e do tórax pode aliviar momentos de tormento, além de estarem sempre à mão para dar à esposa ou namorada e ela nos surpreender e poupar de odisseias homéricas.
Ah, e já agora escrevam no bloco também o numero do sapato.

Estranhas formas de amar II 

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No post de ontem com o título “Estranhas formas de amar” referi exclusivamente demonstrações de amor paternal. Acontece que este é um amor desinteressado e consequente, difícil de renegar dada a existência de laços de sangue envolvidos, ao passo que o Amor sobre o qual pretendo escrever hoje meia dúzia de linhas é um amor adquirido, envolvente e construído, muitas das vezes com base em nada, o que pode provocar o seu desmoronamento precoce.
De facto, no amor desta era são admitidas inúmeras variantes: o clássico homem/mulher; o menos clássico mas crescente mulher/homem (onde a mulher toma a forma de garante da estabilidade do lar através da função de principal angariadora das formas de sustento); a variante libertadora homem/homem; a variante igualmente libertadora mulher/mulher; os revolucionários homem/mulher onde o homem não desdenhará de se relacionar com outro e o mulher/homem onde a mulher nutrirá igualmente uma certa apetência pelos especímenes do seu próprio sexo. Pelo meio temos triângulos, quadrados, hexágonos, tudo o que a liberdade e a imaginação permitam para fugir do velho e, aparentemente, desgastado e desgastante circulo.
Todo este tipo de relacionamentos assenta no amor, muito embora se possa pensar que se tratará na maioria das vezes apenas de sexo. A verdade é que o amor-próprio, desenvolvido através da aceitação de si próprio pelo(s) outro(s), é o leit-motiv para grande parte das relações de qualquer espécie e de qualquer duração.
Detesto fazer posts muito extensos pelo que este terá uma 3ª parte.

Citações 

"Já neste início de século parece que o que está a dar é a genética, e lá vai tudo em busca dos genes malditos que fazem que uns sejam execráveis, matem e esfolem, e os outros ganhem direito a canonizações."

Isabel Leal

fevereiro 04, 2004

Estranhas formas de amar 


Já aqui referi por várias vezes o amor que os pais têm aos filhos e as formas por vezes estranhas de manifestar o mesmo. Não se trata de nenhuma frustração pendente ou recorrente mas sim e apenas uma constatação de facto.
Esse amor reveste-se das formas mais curiosas: na aceitação da quebra de tradições seculares, de demonstrações de bravura exibicionista e animal que colocam em perigo as próprias crias e, por vezes, uma vontade irracional de esquecer o monstro que trouxeram ao mundo. Como exemplo sem foto deste último caso, estou a recordar-me de uma peça jornalística, que passou há algum tempo nos telejornais, onde a noticia era o fogo ateado por um filho toxicodependente à casa pobre dos seus pais idosos. Durante a reportagem a mãe do criminoso lamentou, chorando, a perda do lar e de todos os haveres do casal originada pela tragédia, mas nem uma só vez fez referência ao causador, ao seu próprio filho. Estranhas formas de amar.

Citações 

"Um azar nunca vem só... mas não haverá forma de limitar o numero de acompanhantes?"

Pensamentos próprios

fevereiro 03, 2004

Esclarecimentos culturais 

Ainda por causa da lentidão netiana que me está a consumir hoje, vou, tal como o Gato Tobias costuma fazer, aproveitar um só post para uns esclarecimentos que nada têm a ver com eleições presidenciais ou tachos de Bruxelas.
Em primeiro lugar compete-me elucidar os (as) mais desatentos (as), de que eu, aqui desta cadeira e através de uns postais que me têm enviado, conheço relativamente bem as rotações do mundo e alguns dos seus intervenientes. Essa duvida já se levantou em tempos quando, ironicamente, referi a "Guernica" como "obra quase desconhecida" e passei a ser apelidado por alguns bloguistas de parente pobre de um
personagem da Disney e parece levantar-se agora, acredito que sem nenhuma intenção em especial, quanto ao conhecimento que tenho (ou não) da obra de Beckett.
Obviamente que não vou desenvolver teses interpretativas sobre nenhum desses assuntos dado que os mesmos competem aos estudiosos e interessados, amadores ou não, mas, repito, mais que não seja através dos motores de busca, das Bibliotecas que o Sr. Calouste Gulbenkian fez o favor de patrocinar, das promoções culturais das Capitais da Cultura deste país e do Centro Comercial de Belém e das discussões acaloradas do "É a Cultura, estúpido" , já me têm passado pela vista muitas demonstrações de erudição sob as mais diversas formas e que vão desde as esculturas de Moore, pesadas para pisa papéis, ás performances do La Fura Dels Baus, impróprias para puritanos como eu.

Em segundo lugar aviso que possíveis casos de difamação sem sentido ao dia de hoje e que envolvam a minha pessoa, serão devidamente tratadas em su sitio, ou seja na barra dos tribunais, e não tenho a menor intenção de doar a indemnização que em juízo me será, sem margem para duvidas, concedida, a qualquer instituição que não seja o "Fundo de Férias do Sr. Ministro", devidamente regularizado perante os institutos legais e gerido pela T.O.C. mais habilitada para o fazer.
Tenho escrito!

Imaginação minha 

A imaginação é a faculdade que as pessoas têm de construir ou destruir castelos de nuvens, dar cabo da saúde, escrever livros que hão-de figurar nos manuais do ensino secundário, sentarem-se ao volante do Opel Corsa e sentirem-se num Ferrari, enfim... a imaginação é tudo o que resta depois de consumida ou desviada a realidade.
Se a imaginação conseguisse ser controlada pelo fisco não tenho dúvidas que quem pagaria mais imposto seriam os lunáticos, o que nos leva ao preço que temos de pagar por ela, uma ninharia nos tempos que correm se só a utilizarmos em proveito próprio, que é como quem diz, não imaginar estórias para sacar dinheiro ao próximo nem cobiçar-lhe a mulher.
Tomando como exemplo os nossos bem amados governantes devemos utilizar a imaginação para fins úteis: imaginar-mos que a vida corre bem, que não existem problemas de espécie nenhuma, que aquilo de que as pessoas se queixam é fruto de imaginação mal empregue.
Eu consigo, sem nenhuma dificuldade, imaginar-me a viver num dos recantos do Paraíso.
Serei um indivíduo com imaginação ou um lunático inconsciente?

Dificuldades 

Estou a esforçar-me titanic-amente para conseguir escrever qualquer coisa mas o blogger parece um caracol parado à espera de ser assoado e devidamente comido. Enquanto isto não voltar ao normal vou ficando em stand up, ou feed back, ou stand by ou lá o que é.

Citações 

"Se as bermas fossem ao meio, as estradas eram mais largas."

Pensamento inteligente

fevereiro 02, 2004

Profissionalismo 100% e publicidade 


Utilizam-se muito, profissional e desportivamente, frases do género "vestir a camisola", "transpirar a camisola" e outras do mesmo padrão, que mais não querem dizer do que assumir inteiramente as funções, missões ou trabalhitos sem nexo.
Uma das frases a que acho uma graça particular é aquela que diz "conhaque é conhaque, trabalho é trabalho", o que traz implícito que não se deve beber enquanto se trabalha, pelo menos não beber conhaque, o que dá, mesmo assim, uma margem de manobra muito ampla. A ideia desta frase só pode ter sido de franceses: queriam dar um ar de trabalhadores e ao mesmo tempo promover um produto nacional. É também muito utilizada entre as nossas forças de segurança vá-se lá saber porquê.
Mas temos de concordar com o profissionalismo. Quando se dá a cara por qualquer coisa, o mínimo que se pode fazer é que o semblante o faça reflectir. Não fazia qualquer sentido um anúncio a chocolates feito por uma ruiva agoniada. O ideal seria escolher um modelo escazelado que induzisse o efeito antigordura do chocolate, mas a cara teria de ser de um guloso de nascença, o que não é difícil de encontrar.
Entre nós não existe este espírito de conformidade, por isso é que os anúncios difíceis – como os dos pensos higiénicos, onde as espanholas são exímias a demonstrar os seus traços fisionómicos de SPM – são sempre feitos por estrangeiros.
O que eu não daria para ver o Engenheiro Jardim Gonçalves vestido de astronauta a dar a cara pelo seu novo BCP Millenium ou o Comendador Nabeiro de fato cor de café e chapéu de palha.

Citações 

"É porque os homens não têm o coração justo que foi preciso inventar a balança."

Provérbio chinês

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