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novembro 30, 2004

O Uivo 

As solicitações sociais em matéria de apoios do Estado são crescentes mas, aos contrários dos impostos, são reduzidas numa espécie de proporção matemática: enquanto o povão – ainda a viver das recordações de S. Cavaco e dos seus milagres apoiados em fundos comunitários – esperneia e grita que assim não pode ser, acampando à porta do Palácio de Belém ou no exterior de S. Bento tentando não dar por perdidos os seus passos, os hospitais vão perdendo valências, os medicamentos vão ficando sem comparticipações, os combustíveis vão aumentando, vão-se inventando impostos, vão-se vendendo bens públicos e renovando contratações milionárias entre a classe dirigente.
A situação deve ser encarada sob perspectivas diferentes: a recordação de Cavaco deve ser mantida com as reservas de quem se lembra de uma namorada de adolescência. Temos tendência apenas para recordar as suas formas bem torneadas e o sexo esporádico feito ás escondidas, esquecendo que tinha um feitio irascível, que hoje, muito provavelmente, deve estar com as formas de uma matrona digna de Balzac e que o sexo só era bom porque os termos de comparação eram poucos ou nenhuns. Convém fazer um esforço recordatório para que flutuem até à linha da memória viva os dissabores cavaquistas que também existiram.
Por outro lado estamos a viver a ressaca desses tempos: os fundos diminuíram drasticamente ou mesmo desapareceram e passámos a ser contribuintes dos novos estados membros mas, da mesma forma que o cidadão comum se recorda dos tempos das “fat cows”, também os dirigentes de agora se lembram das mordomias dos de então, com a diferença de que o comum mortal bem pode uivar à lua enquanto os chefes de alcateia, tal como novos xerifes de Nottingham e sem o incomodo de nenhum Robin dos Bosques, vão exigindo tributos atrás de tributos para satisfazer a sua fome de poder e a sua qualidade de vida. Só nos resta mesmo uivar até que… se pague imposto disso também.

novembro 29, 2004

O País das Maravilhas 

Como diriam os nossos irmãos brasileiros que, pelo menos, assumem o futebol, a praia e o samba, “êta terrinha braba o nosso Portchugal”. Nem mais!
De facto não me canso de repetir que não existe país como o nosso: o governo comporta-se como uma quinta de celebridades cuscantes, onde um ministro cheio de princípios (e o facto de não ter mandado pela janela o dvd do Benfica demonstra isso mesmo) sai do governo porque andaram a falar mal de si nas suas costas; onde uma carta de outro ministro para um terceiro aparece nos jornais; onde hoje é verdade e amanhã logo se vê mas em principio será mentira; onde um acusado de crime escabroso fica ofendido e pretende que sejam identificados por imagens televisivas quem o ofendeu na rua; onde os fumadores são avisados expressamente que o tabaco pode matar mas ficam admirados quando descobrem que pode mesmo; onde se fala em colocar portagens na entrada das cidades; onde o desemprego cresce mas se estranha que o pib não aumente; onde o personagem do momento é um pretenso conde de sexualidade indefinida que faz publicidade à Tv Mais; onde os bons jogadores de futebol vão jogar para o estrangeiro e depois se diz com orgulho que o campeonato está mais competitivo do que nunca, esquecendo que o nivelamento foi feito por baixo… enfim, que país admirável onde Alice, a tal do País das Maravilhas, gostaria certamente de ter vivido.

novembro 24, 2004

Nichos de mercado 

Gosto muito deste país, das suas gentes, tradições, costumes, taras e manias, como cantava uma rouxinola pimba. Gosto sobretudo dos pretextos que se conseguem descobrir para inundar de cultura impressa e com IVA a 19% os escaparates das livrarias nacionais, mas esses pretextos não são dificeis de arranjar, senão vejamos: Rita Ferro Rodrigues e o seu "Parapeito". A Ritinha passou muito na vida e viveu experiências únicas, tal como foram o desaparecimento e resurgimento do seu cão, o nascimento da sua filha, o pseudo-apagão do seu blog e as faltas de Bom Senso do seu pai. A isso podemos juntar todas as relações profissionais e o conhecimento absorvido através delas como se de uma verdadeira esponja se tratasse. O resultado foi um conjunto de escritos no blog que, dizem, foram nele escarrapachados com uma sensibildade inata... enfim, posso ser eu que sou insensivel e i-Rita-disso, mas a sensibilidade de Ritinha é tão única como os acontecimentos em que se viu envolvida. Talvez se devesse falar antes em oportunidades e falta delas.
O outro caso tem a ver com o aproveitamento, que já tardava, do Caso Casa Pia. A mana Pinto Correia, cientista afamada e ex-tradutora para a revista Visão de artigos cientificos publicados em revistas dos States, descobriu um nicho de mercado: Herman José é, supostamente, gay, e só por isso foi envolvido no processo. Isto pode representar uma cabala - mais uma - de elementos homófobicos da sociedade portuguesa, o que deu origem a um livrinho que certamente será uma boa prenda de natal para muitos portugueses que poderiam ter sido "cabalizados" devido ás suas aptências sexuais e que, a julgar pelas palavras de Herman, serão mais que muitos. Enfim, mais sinais dos tempos e que ninguém olhe para trás ou arrisca-se a ficar transformado numa estátua de sal... ou isto foi noutra estória?

novembro 23, 2004

Palhaçadas 

Nos tempos que correm tantos são os palhaços como irão ser os pais natal daqui a 15 dias, e isso pode ser desmotivante para o cidadão normal apaixonado pelo circo. Refiro-me aos palhaços, claro.
A motivação destes é, tendencialmente, o dinheiro e não o amor à arte circense, e tanto assim é que actuam em qualquer local onde achem que as suas exibições podem gerar algum eco monetário. Quer seja na TV, na imprensa ou em plena rua, os palhaços dos tempos modernos tentam fazer-nos rir dando um ar sério ás suas performances, tentam iludir-nos com os seus malabarismos mal amanhados, tentam ludribiar-nos com anedotas da vida real e que podem acabar por afectar a realidade de muitos. São opinion makers cheios de ideias originais originadas por contrapartidas; são individualidades com créditos firmados sabe-se lá como; são aranhas com teias tecidas depois de testes piloto; são pobres coitados apostados em subir por uma corda deitada no chão.

Como primeiro post da nova época até pode parecer um pouco amargo, mas acho imprópria a concorrência destes palhaços aos verdadeiros, aqueles que os nossos filhos gostam de ver e não usam outro disfarce que não seja um lindo e enorme nariz vermelho.

Check sound 

Teste... 1,2,3... Teste ÔÔÔ... 1, 2,3
Parece que ainda funciona. Posso continuar a postar.

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