Ministerio do Bom Senso

Os aumentos de vendas da pilula do dia seguinte, ao mesmo tempo que deixam felizes os laboratórios farmacêuticos, deixam os pseudo-responsáveis pela nossa saúde preocupados: aquilo parece que, usado com exagero, faz mal à saúde das senhoras e, como muito bem se sabe, pessoas sem saúde custam dinheiro aos cofres do estado. Ele são baixas, ele são medicamentos, ele são reformas enfim... uma bola de neve com tamanho desmedido iniciada numa pequena queca não planeada. Tá mal!

E se o Benfica perder com o Barcelona? Será que o Sr. José Veiga vai protestar à DECO os passes do Deco?

E o Sol???? Acabou-se outra vez??? Hoje já não há Sol??? Se ontem e anteontem houve porque é que hoje já não há? Gastou-se? Não pode ser. Não há direito! É sempre a mesma coisa...
Quero o livro de reclamações fáxavor!

Hoje acordei com um pensamento animador a flutuar-me nos neurónios: Estamos muito perto da recuperação anímica nacional!
Portugal vai, ainda este mês, esquecer as crises, as falências, as tesuras e outras torturas que tais já tão conhecidas dos nossos compatriotas.
Portugal vai poder dispor de novos chavões para mimar a mulher, o marido, a namorada, o arbitro, o empregado do café, enfim, vai ser uma fartura de bocas novinhas em folha para todos tirarmos a barriga de misérias.
Como já todos calculam, a razão deste meu optimismo e da expectativa nacional que faz salivar por konamis e quejandos tem a ver com a estreia da nova série televisiva dos Gatos Fedorentos. Vai ser engraçado passar uns meses a trocar frases feitas pela gataria com toda a gente, ao mesmo tempo que podemos fazer aquele ar meio inteligente meio cúmplice de quem está muito na moda… até que comece o Campeonato do Mundo de Futebol e uma nova era distrativa se inicie.

Nesse dia todos os peixes daquela faixa do Oceano Atlântico sussurravam entre si escandalizados “já viste o choco que veio hoje da costa de Portugal?”
Indiferente aos comentários em surdina à sua passagem, o choco ostentava orgulhosamente nos seus tentáculos o teclado de computador que tinha apanhado num baixio das Berlengas e pensava de si para si: “ cambada de ignorantes, parece que nunca viram um choco tecnológico!”.

Sábado, 10 horas da manhã. Toca o telemóvel. Atendo.
“Estou???” – digo eu.
Uma voz estranha debita do outro lado - “ Esc…esc…esc….esc…escuta…escuta…. escuta…”
Desligo o telemóvel rapidamente!
Que se passa??? Estarei sob escuta??? Mas porquê, se o único negócio escuro que tenho é com a EDP quando me esqueço de pagar a conta da electricidade…??
Terá sido por ter cometido a imprudência de ler o “24 Horas” na varanda? Eu sei que é indesculpável e imprudente, mas caramba, a varanda é minha e é no último andar. Terá sido o gajo do quiosque que se chibou? Terei sido visto por um satélite espião?
Ou terá sido por ter enviado na sexta-feira 9 envelopes pelos CTT??? Eram cartas para clientes… juro!!! ( Bem sei que eram 9 envelopes e isso pode parecer uma coincidência subversiva, mas eram mesmo cartas para clientes. Juro outra vez!!! )
Passei todo esse dia aterrado, como é lógico. Sempre que o telemóvel tocava nunca sabia se era mesmo o Nokia ou se estava a ter um ataque cardíaco, até que encontrei o Óscar, amigo que não via há muito: “Po...po…po…porra pá, ag… ag… ag…agora … desli… li… desligas-me o té…té…telemóvel na ca… cara????

Não tenhamos dúvidas que o Cristiano Ronaldo é um óptimo jogador e um individuo altamente inteligente. Escolhe as namoradas á sua medida, tanto fisicamente como em termos de linguagem: primeiro uma filha de emigrantes portugueses nos States que lhe cobrou os carinhos de teenager com a venda das tais fotos de salto-alto, depois uma menina redondinha do clã brasileiro Jardel, a seguir uma fan inglesa que nem "sim" sabia dizer, o que pode ter resultado numa acusação de violação, mais tarde uma espanholita anónima e agora mais uma española adoptada pelas televisões portuguesas e que tem um mano chamado Óscar.
A facilidade de comunicação verbal de Crsitiano Ronaldo com estas namoradas que alegadamente (palavra linda esta) dominam mal o português está claramente favorecida. Atentemos no exemplo da entrevista televisiva de Ronaldo quando da inauguração da loja de roupa da mana na Madeira:
-Reporter: "Cristiano Ronaldo, o que nos pode dizer sobre o actual momento de forma do Manchester?"
- Cristiano Ronaldo: "Estou autorizado pelo Manchester a não falar com a comunicação social!"
Tá tudo dito e em bom português.

O José Peseiro anda a queixar-se de que foi vitima de um complot no Sporting.A Teresa Guilherme manda mensagens subliminares à população sobre a concorrência desleal de uns Morangos açucarados da TVI. A SIC avisa os incautos que os Gatos Fedorentos, agora que passaram para a RTP, deixaram súbitamente de ter graça... e isto só para referir alguns, poucos, dos muitos fait divers em curso.

A minha douta opinião é de que estamos perante mais um surto epidémico da doença, bem portuguesa, apelidada de "Dor de Corno" pelo menos desde os tempos de Bocage.

Aguarda-se a todo o momento a decisão do 1º Sócrates sobre a quantia a disponibilizar pelo Governo como patrocinio ao Rock in Rio 2006.
Alegadamente (ao que parece esta palavra dá para desculpar uma data de coisas) a única exigência que José Sócrates faz é ter a banda Supertramp, que muito admira desde a adolescência, a abrir os cinco dias do Festival sempre e só com a mesma canção, a que dá nome ao álbum "Crisis? What Crisis?"

Porque será que me cheira aqui a propaganda política mal disfarçada???